Lula lança pacto social e anuncia a fase “difícil”

São Paulo

– O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse ontem durante o primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que discute a proposta de um pacto social, que os trabalhos “começam do zero”. “Ganhar a eleição não foi difícil, o difícil virá agora”, disse Lula, referindo-se ao seu futuro governo. A proposta de um pacto que contempla sacríficios não foi bem recebida pelos trabalhadores.

Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso conciliador ao final do primeiro encontro realizado para compor o Pacto Social, que reuniu cerca de 150 empresários e sindicalistas. Lula cobrou unidade entre os participantes, ressaltando que em nenhum momento foi questionada a identidade política dos presentes. “Isso aqui não pode ser considerado um clube de amigos. Pode se tornar uma instituição que pode produzir uma quantidade de soluções nunca produzida”.

Para ele, as dificuldades em se realizar reformas até agora se devem ao fato de que “cada um tenta resolver o seu próprio problema. E não estou me dirigindo apenas aos empresários”, disse, antes de cobrar mais envolvimento dos sindicalistas presentes. “Esse encontro é mais importante porque as pessoas têm dúvidas”, afirmou. O presidente eleito considera positiva a ausência de modelos pré-existentes. “Nós vamos começar do zero.”

Lula ressaltou sua preocupação em montar uma equipe de governo sem pressões externas. “Estou me desafiando a, pela primeira vez no País, montar um governo sem que a imprensa saiba quem são os indicados. Sem pressão.” “Por que (priorizei) logo a fome quando todos esperavam que eu indicasse o presidente do Banco Central? Eu estou convencido, há muito tempo que o problema do Brasil é mais político do que econômico”, disse, sob aplausos. “E estou convencido que se tivesse cedido a pressões e indicado o presidente do BC, no dia seguinte teria que indicar o ministro da Agricultura, dos Esportes, e não conseguiria montar equipe de governo.”

Ele corrigiu uma fala do autor do projeto Fome Zero, José Graziano, que declarou que quem discorda do projeto é “porque não leu e não gostou”. “Eu acho que tem muita gente que leu e não gostou, e tenho respeito por essas pessoas”, disse. Lula acrescentou que o projeto “precisa ser aperfeiçoado”, e que nenhum de seus projetos “é definitivo, porque acredito na evolução”.

Lula voltou a destacar ainda a importância da retomada da produção para o crescimento da economia brasileira. “O Brasil não pode ficar à espera de que sobre dinheiro no mundo para vir para cá, porque todo dinheiro que vem um dia volta. E volta mais gordo.” O presidente eleito disse ainda que adotou um tom moderado durante a campanha porque não quis – e não quer – comprometer-se com expectativas que não pode satisfazer. “Resolvi dar um passo do tamanho que minha perna podia dar.”

O presidente eleito disse ainda que adotou um tom moderado durante a campanha porque não quis – e não quer -comprometer-se com expectativas que não pode satisfazer. “Resolvi dar um passo do tamanho que minha perna podia dar”.

Voltar ao topo