Lula intima exportadores a serem mais agressivos

Brasília

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, durante encontro com exportadores, no Palácio do Planalto, mais agressividade nas vendas no mercado internacional. “O Brasil tem excelentes relações afetivas com vários países e precisa ser agressivo nas negociações comerciais”, disse, segundo relato de participantes da reunião. Os empresários saíram otimistas do encontro.

Em quase três horas de conversa com os empresários, Lula reconheceu os entraves para tornar a indústria mais competitiva e reafirmou seu empenho para aprovar as reformas tributária e previdenciária este ano. “Não temos de olhar para trás, temos de olhar para a frente”, disse Lula, referindo-se à situação que encontrou o governo. “Fomos eleitos com grandes expectativas de mudanças, temos de fazer e vamos fazer.”

O objetivo de Lula era ouvir os exportadores e reiterar que o comércio exterior é uma prioridade de governo. Desde que assumiu, ele tem feito reuniões sistemáticas com representantes de setores produtivos, como o sucroalcooleiro, madeireiro, da construção civil e de montadoras. Os exportadores foram selecionadas pelo Palácio do Planalto, dentro de uma lista com 200 sugestões feita pelo Ministério do Desenvolvimento. Segundo o ministro Luiz Fernando Furlan, integram o grupo empresas que deram um salto importante em setores nos quais o Brasil não é exportador tradicional.

Reclama

Ontem os empresários reclamaram do crédito elevado, da carga de impostos e do custo de produção. “O presidente Lula tem noção da urgência em aprovar as mudanças necessárias para retomar o crescimento do País”, disse o presidente da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), José Armando Campos. O empresário disse que o setor de aço, que exporta boa parte da produção, precisa de investimentos para atender a demanda crescente do mercado interno. No ano passado, a CST exportou US$ 1 bilhão em lâminas de aço pelo Porto de Tubarão, em Vitória.

Representantes de cooperativas pediram ao presidente a liberação do comércio de alimentos geneticamente modificados. “O Brasil pode oferecer soja transgênica, orgânica e convencional”, defendeu o diretor-presidente da Cooperativa Agropecuária de Campo Mourão, José Galassini. Lula não deu resposta aos produtores. A cooperativa, no noroeste do Paraná, reúne 17 mil agricultores.

O presidente da Anfavea, Ricardo de Carvalho, falando em nome do setor automotivo, pediu um esforço do governo para ampliar os acordos comerciais que possam trazer mais competitividade ao setor. Segundo relato do diretor-executivo da General Motors, Luiz Yabiku Júnior, Carvalho disse ao presidente que alguns países como África do Sul, Índia, China, Austrália e países do Grupo Andino são grandes mercados para os quais o setor automotivo pode aumentar as exportações.

Lula ganha elogios até de Ermírio

Brasília

– Depois da reunião entre um grupo de 30 empresários e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, demonstrou que perdeu o medo que manifestava ter do governo Lula antes das eleições. “Me surpreendeu a flexibilidade que o Lula tem para discutir o Brasil e fiquei impressionado com a capacidade didática do presidente”, afirmou Antonio Ermírio, que antes das eleições escreveu artigos expondo seu temor diante da possibilidade de vitória do então candidato do PT. “Parece que o Lula assumiu o Brasil e tem vontade de fazer o País funcionar. E isto é muito importante. “O presidente, segundo relato do empresário, tranqüilizou a todos. “Não adianta falar do passado. Precisa ter boa vontade de corrigir e tocar para frente” Segundo o presidente do grupo Votorantim, Lula garantiu que as reformas previdenciária e tributária serão encaminhadas ainda no primeiro semestre ao Congresso. O empresário classificou a reunião como “franca” e disse acreditar que “melhorias serão feitas ao longo do mandato deste governo”. “Não se pode esperar milagre numa reunião como esta. O importante é saber o que o presidente está pensando”, disse. Segundo ele, a única reivindicação que fez ao presidente foi a redução da burocracia. “Só pedi ao presidente que me deixassem trabalhar”.

O presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, disse que ficou impressionado com a reunião. “O que surpreende todo o mundo é essa forma aberta do presidente de discutir os problemas e induzir soluções.

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