Lula faz caixa para obras fortes de olho na reeleição

Brasília

– Para o terceiro ano de seu mandato, já de olho na reeleição em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu a realização de grandes obras como uma das prioridades de gastos públicos no ano que vem. Aos formuladores do Orçamento da União de 2005 e a ministros do núcleo central do poder o presidente determinou que sejam tiradas do papel obras de grande porte. Entre as eleitas, as principais estão na Região Nordeste, como o Projeto de Integração do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina.

Além do simbolismo de dar preferência a investimentos em sua região de origem, Lula tem repetido no Planalto que quer deixar pelo menos duas grandes obras como as principais marcas de seu mandato. Ainda que não sejam concluídas antes de 2006, os estrategistas do Planalto apostam em retorno político-eleitoral.

Outro político que terá grande visibilidade no “ano das grandes obras” é o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, umas das maiores apostas do estrelato petista para as eleições de 2006. Ele vai tocar o ambicioso projeto de integração das águas do São Francisco, que terá R$ 2 bilhões previstos na proposta orçamentária a ser enviada ao Congresso terça-feira. Ciro vai administrar também, juntamente com o Ministério dos Transportes, a construção da Ferrovia Transnordestina.

O desejo dos articuladores políticos do Planalto é que Ciro aceite o desafio de tentar derrotar a hegemonia da família Garotinho em 2006 na disputa pelo governo do Estado do Rio. Assunto que ainda não é tratado em público. Sobre a obra no São Francisco, o Ministério da Integração Nacional esclarece que não se trata mais da transposição das águas – que consumiria cerca de US$ 6 bilhões (R$ 17,7 bilhões) – mas da integração das bacias hidrográficas de cinco estados nordestinos. O ministro tem se limitado a falar dos aspectos técnicos do projeto: “Estudos científicos apontam que a partir de 2006 o semi-árido, onde vivem 12 milhões de pessoas, começará a viver o estresse do abastecimento de água. E essa obra é para garantir água para consumo”.

Em reunião recente no Palácio do Planalto sobre a necessidade de retomada dos investimentos, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, lembrou, ao defender a retomada de grandes projetos, que a última grande obra pública do País foi a hidrelétrica de Xingó (em Alagoas, iniciada por Sarney e concluída por FHC).

No Orçamento de 2005, os recursos para investimentos deverão ficar nos mesmos níveis do que foi aprovado para este ano, cerca de R$ 12 bilhões. Mas o presidente da Comissão de Orçamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR), acredita que o montante poderá chegar a R$ 15 bilhões, caso o governo consiga flexibilizar o superávit primário.

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