Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se, na manhã de ontem, com os líderes da base aliada no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, e agradeceu o desempenho do Congresso na votação este ano das matérias estruturantes para a economia brasileira. De acordo com o líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), o presidente destacou as reformas previdenciária, tributária, a Lei de Falências e o recém-votado projeto das parcerias público-privadas como prova do esforço conjunto das duas casas.
Na reunião de fim de ano com os líderes, o presidente Lula também prometeu que em 2005 a relação do governo com o Congresso será muito mais presente e permanente para evitar problemas com a oposição e também com a base aliada. "Ele (Lula) reconhece que houve falhas por parte do governo na relação com o Congresso Nacional e se comprometeu efetivamente de que em 2005 a relação será muito mais próxima para que possamos continuar a votação de matérias estruturantes para o Brasil", disse Casagrande.
Sobre a indicação do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para disputar a presidência da Câmara, o líder do PSB disse que o candidato tem a vida ilibada, uma história de defesa das pessoas oprimidas da sociedade e que, portanto, reúne condições para assumir a direção da Casa. Ele apenas criticou a dificuldade de Greenhalgh de manter diálogo com os parlamentares, mas disse que defenderá a sua candidatura.
Já o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), disse que o presidente Lula vai pedir que os ministros se reúnam mais com as bancadas dos partidos a que pertencem para que saibam antecipadamente dos problemas que surjam no Congresso.
Crime organizado
Em São Paulo, o presidente disse que o Brasil está construindo as bases para enfrentar o crime organizado com mais força. "Nós vivemos em um momento em que todos estávamos preparados para enfrentar a questão do crime, do ladrão comum, do assassino comum. Nós não estávamos preparados para enfrentar o crime organizado, que é uma indústria nacional e multinacional", afirmou Lula, durante celebração de Natal na Casa de Oração do Povo da Rua.
Segundo Lula, o crime organizado está em vários lugares, como na política, no Poder Judiciário e na indústria. "Então, é uma coisa muito sofisticada, e é preciso todo um reaprendizado. É uma tarefa que o doutor Márcio Thomaz Bastos (ministro da Justiça) está se dedicando a construir as bases para que a gente possa enfrentar isso com mais evidência e força", disse o presidente.
Fraternidade
Lula disse também que é preciso recuperar no Brasil a fraternidade e a solidariedade. "Estou convencido de que nós precisamos encontrar um jeito de fazer homens e mulheres serem mais fraternos, mais irmãos, mais companheiros nos bons e nos maus momentos", afirmou. "Sou, não presidente da República, sou soldado para que a gente possa enfrentar essa situação", disse Lula.
O presidente lembrou dos assassinatos de sete moradores de rua de São Paulo ocorridos este ano. "Eu lembro que a minha primeira reação foi dizer a um jornalista que era difícil a gente crer que houvesse no mundo ser humano com uma mente tão insana, tão maldosa, capaz de matar pessoas que estavam dormindo e pessoas com pouca possibilidade de se defender", afirmou.
Para Lula, a pobreza não leva à violência. Ele destacou a importância da família para a sociedade brasileira. "Há muito tempo venho dizendo que há um processo de desagregação na estrutura da sociedade brasileira, a começar pela família, que pode resultar em muitas coisas ruins que a gente não esperava que acontecessem", disse.
Churrasco
O presidente Lula chegou por volta das 18h30 à sede do Instituto da Cidadania, organização fundada por ele, no bairro do Ipiranga, área sul de São Paulo, e na qual atua seu irmão, frei Chico. O presidente participou de um churrasco de confraternização de fim de ano. Após sua chegada, também entrou no local o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, Guido Mantega.
Após o evento, Lula seguiu para seu apartamento em São Bernardo do Campo, onde descansará e passará o Natal com a família. Não há mais compromissos oficiais na agenda presidencial.


