Lula: é preciso mais que a razão

Porto Alegre – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Porto Alegre, que não acredita que um País com o tamanho do Brasil possa ter as questões solucionadas apenas pela razão. Destacando que, muitas vezes, prefere deixar falar a emoção, Lula lembrou que dizia há anos que o País só daria certo quando tivesse um presidente capaz de governá-lo com a cabeça e o coração.

“Se não for assim, o País não dá o salto de qualidade que precisa dar para recuperar a auto-estima de nossa gente”, condicionou, ao discursar na abertura da 4.ª Bienal de Artes Visuais do Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Aos 76 artistas dos 13 países participantes da exposição ele destacou que o povo brasileiro gosta de arte. Os pobres, destacou, querem apenas conhecer as obras para, depois, surpreender os artistas dizendo se gostam delas ou não. “Essa oportunidade nós devemos dar ao povo”, aconselhou. Lula também pediu que os profissionais da arte tenham paciência para ouvir e aprender com a cultura que a população tem para exteriorizar.

Num discurso com elogios à capacidade dos expositores e de frases sobre as artes, que definiu como “as mais belas janelas sobre a alma do ser humano e seu contexto social”, o presidente deixou pouco espaço para os temas políticos e econômicos. Lula destacou a presença do vice-presidente do Uruguai, Luís Hierro López, e de enviados dos governos chileno, argentino e mexicano, mas sugeriu que, na próxima bienal, em 2005, todos os chefes de Estado do Mercosul e países convidados participem do evento.

O presidente ressaltou ainda o caráter econômico dos bens culturais, cujo comércio movimenta US$ 2 trilhões por ano no mundo, mas lamentou que apenas cinco países sejam responsáveis por mais de 50% desse intercâmbio.

Na única referência às relações políticas atuais, Lula destacou o diálogo que mantém com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), de quem havia recebido elogios, no início da cerimônia, pela condução das reformas. “Estamos provando ao Brasil e ao mundo que pessoas que pensam diferente sobre várias coisas podem ser civilizadas e viver democraticamente nessa diversidade”, afirmou, diante dos ministros petistas gaúchos e de empresários que andam em campos políticos opostos.

Antes de entrar no salão do Santander Cultural, Lula ganhou do presidente da Bienal, Renato Malcon, uma escultura do artista Saint Clair Cemin, homenageado da exposição deste ano.

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