Brasília – “Somos como Romeu e Julieta. Um caso de amor eterno.” Foi assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu a relação com o presidente argentino Néstor Kirchner, logo após o encontro de dois dias que tiveram no país vizinho. “A verdadeira integração entre Brasil e Argentina vai acontecer no momento em que todos os brasileiros souberem dançar um bom tango e todos os argentinos aprenderem a sambar. Aí se consolidará uma integração plena”, disse Lula.
“E quando Racing e Corinthians disputarem a final da Copa América”, emendou Kirchner logo após o almoço que encerrou a visita de Lula à Argentina. A afirmação foi feita para lembrar a paixão nacional de ambos os países: o futebol. Kirchner, como Lula com o Corinthians, é torcedor fanático do time argentino Racing.
As afirmações de ambos os presidentes saíram meio que como resposta e acabaram colocando uma pedra nos recentes rumores de que a relação entre ambos estaria “estremecida”. Kirchner teria ficado “melindrado” com o fato de Lula não ter telefonado para apoiar o calote de US$ 2,9 bilhões decretado por 48 horas com o FMI no mês passado. Lula, por sua vez, “sentiu falta” da presença do argentino durante o seu discurso no último encontro da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.
As diferentes formas de condução da política econômica também chegaram a ser motivo de atrito. O governo argentino teria classificado como ortodoxo demais os estilo do ministro Antonio Palocci (Fazenda). Roberto Lavagna, ministro da Economia da Argentina, teria se aborrecido com a exigência do Fundo Monetário Internacional para que o país adotasse uma meta de superávit primário semelhante a brasileira, de 4,25% do PIB. A Argentina, no fim das contas, conseguiu fechar uma meta de de 3%.
Como fizeram em Buenos Aires, Lula e Kirchner se trataram como grandes amigos e trocaram elogios. “Acreditamos que a relação com o Brasil, e com o meu amigo Lula, consiga fazer com que a Argentina e o Brasil se integrem definitivamente”, disse Kirchner.