Lula diz que não quer usar violência na reserva Raposa do Sol

Em entrevista à imprensa, no último dia de sua viagem à Holanda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que "não quer usar a violência" contra os arrozeiros para retirá-los da reserva indígena Raposa Serra do Sol. "Nós não queremos que ninguém seja vítima de uma ação do governo", declarou Lula, sinalizando que o governo vai esperar o tempo que for para resolver as coisas da forma mais serena possível. "Se nós pudermos gastar um mês a mais ou dois meses a mais e fazer as coisas na paz e na tranqüilidade, nós faremos", avisou.

Lula reagiu às preocupações de setores, principalmente militares, de que a demarcação de terras indígenas em área de fronteira pode levar à criação de uma "nação indígena" reforçando a tese de internacionalização da Amazônia. "Não. Não tem nação indígena. Dentro do território nacional nós iremos demarcar as terras indígenas, iremos cuidar, mas a soberania do território é do Estado brasileiro", declarou.

Sobre as queixas de que o governo não estava tomando conta da área, que pertence à Amazônia, como deveria, respondeu: "nós estamos tomando conta da Raposa como ninguém. Nós fizemos a demarcação da terra Raposa Serra do Sol, depois nós fizemos um acordo, ainda no tempo do ministro (da Justiça) Márcio Thomaz Bastos. É que nós não quisemos utilizar violência, estamos negociando há três anos. Agora mesmo mandei uma medida provisória demarcando as terras da Amazônia, dando as terras necessárias para o estado de Roraima, mandamos a Polícia Federal para lá para tirar os arrozeiros".

Depois de reiterar que não quer que ninguém seja vítima de uma ação do governo, Lula salientou que "tem determinados tipos de arrozeiros que parecem que estão provocando". E emendou: "eu me lembro, quando eu fazia greve em 78, 79, 80, às vezes tinha gente de organização política no meu sindicato que quando o carro da polícia parava, ele corria, se jogava dentro e gritava: "Fui preso". Então, eu acho que de vez em quando tem alguns arrozeiros que estão querendo ser vítimas, e nós não vamos fazer vítimas".

Para o presidente Lula, "as vítimas ali são os índios que moram no espaço que nós já demarcamos". E encerrou: "portanto, nós queremos resolver os problemas dos índios, resolver o problema de Roraima e resolver o problema de terra, no Brasil, pacificamente".

Pouco antes de falar da situação em Roraima, o presidente Lula havia respondido a uma outra pergunta na qual ressaltou que não admitia palpite de outros países ou de dirigentes deles em relação à Amazônia. "Eu adoro respeitar as pessoas, mas adoro ser respeitado. Então, quando vierem discutir comigo sobre a questão da Amazônia, por favor, falem com cuidado porque a Amazônia é da nossa responsabilidade e nós saberemos cuidar dela", completou.

Voltar ao topo