Lula deseja boa sorte a Renan, mas ‘lava as mãos’

O governo lavou as mãos e não moveu uma palha para ajudar ontem o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Conselho de Ética. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para Renan e lhe desejou boa sorte, mas nada fez pelo aliado. Renan disse a Lula que enfrentava um ‘calvário’, mas o avisou que não renunciaria ao cargo.

Embora o Planalto avalie que a situação do senador é muito complicada, vai aguardar a evolução do episódio antes de buscar nomes para apoiar numa possível sucessão no Senado. É conhecida a lentidão do presidente, no meio político, para tomar iniciativas desse porte. Na disputa pelo comando da Câmara – que confrontou dois aliados, também em fevereiro -, demorou mais de um mês para chamar Aldo Rebelo (PC do B-SP) e perguntar se ele aceitaria retornar ao governo e desistir da briga, em favor de Arlindo Chinaglia (PT-SP). O apelo, tardio, foi em vão.

A conversa de Lula com os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Roseana Sarney (PMDB-MA) na terça-feira – dia da posse do filósofo Mangabeira Unger na Secretaria de Planejamento de Longo Prazo – despertou comentários de que o governo estaria atrás de substitutos para Renan. Na prática, porém, o presidente ainda não arregaçou as mangas.

O desgaste do presidente do Senado, no entanto, fez vários parlamentares mudarem de posição. O PT, por exemplo, o defendia publicamente. Em várias reuniões ao longo do dia, porém, decidiu agir com mais cautela. Se o julgamento de Renan não fosse adiado pelo Conselho de Ética, os petistas se absteriam na votação.

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