Lula com Aécio Neves. Segundo o presidente,
os países ricos não têm culpa.

Uberaba

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil não pode jogar a culpa de seus problemas nos países ricos. Em pronunciamento realizado na cidade mineira de Uberaba, onde o presidente abriu a feira de gado ExpoZebu 2003, Lula reconheceu que a relação comercial entre o País e as nações industrializadas nem sempre é a ideal, mas ressaltou que não se pode botar a culpa da existência de miséria nessas nações.

Segundo Lula, num mundo globalizado, ninguém se preocupa se as crianças morrem de fome ou se há desemprego no Brasil. “Este é um problema nosso. Antes, achávamos que a miséria era culpa dos países ricos. É verdade que a relação comercial nem sempre é justa, mas não jogar nossa incompetência histórica em cima dos outros”, disse Lula. Lula pediu ainda que os brasileiros continuem a “pensar grande, para realizar grande”.

O presidente elogiou o desempenho do governador Aécio Neves e disse que está na hora de serem superados os problemas pessoais. Segundo Lula, nenhum governador receberá tratamento diferenciado durante seu mandato, independente do partido a que pertença. Antes da abertura do evento, a associação fez uma doação de R$ 500 mil para o programa Fome Zero, o que também foi elogiado e agradecido pelo presidente. Ao encerrar sua fala, Lula confirmou a implementação de uma universidade para a região do Triângulo Mineiro, e foi aplaudido pelos presentes.

Lula revelou que pretende propor ao Grupo dos Sete (G-7) um plano mundial de combate à fome. A idéia de um “Fome Zero Mundial” deverá ser lançada por Lula no início de junho, quando o presidente brasileiro assistirá à reunião do G-7 na França. “Alimentos são matéria-prima de que o homem mais está precisando hoje”, observou. Outros quatro países que vivem situação semelhante à do Brasil – África do Sul, México, Índia e China – também foram convidados a participar do encontro do G-7, que reúne as sete nações mais industrializadas do mundo.

Lula já havia destacado a necessidade de um esforço mundial e organizado contra a fome quando visitou a Suíça, no início do ano, para participar do Fórum Econômico Mundial. Em outras ocasiões posteriores, especialmente quando fez críticas ao dinheiro gasto pelos Estados Unidos na guerra contra o Iraque, o presidente afirmou que a prioridade dos países ricos deveria ser o combate à fome.

O sucesso da ExpoZebu incentivou Lula a fazer declarações otimistas sobre os rumos de seu governo. “Não há nenhuma razão para pessimismo”, afirmou o presidente, que se disse “o mais otimista dos seres humanos”. “Não há nenhuma razão para a gente ficar achando que as coisas vão dar errado”, prosseguiu. “Eu, todo dia, quanto pior é a manchete do jornal, mais eu estou convencido de que este País vai dar um salto de qualidade excepcional.”

continua após a publicidade

continua após a publicidade