Davos – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem a Davos, onde anunciou que vai se alinhar à posição de países como França e Alemanha, contrários aos planos dos Estados Unidos de atacar o Iraque, e apelar para a intermediação da Organização das Nações Unidas (ONU).

Lula defenderá uma solução negociada para o impasse entre os Estados Unidos e o Iraque. “A iminência de uma guerra entre os Estados Unidos e o Iraque já fez estragos visíveis na economia brasileira”, admitiu Palocci, ao chegar a Paris. “Nosso governo quer solucionar as controvérsias internacionais pelo diálogo, por meio da ONU, com respeito ao direito das minorias, para que nenhuma pendência seja resolvida pela violência”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, que ficou em Porto Alegre, no Fórum Social.

Contrariando o estilo “nos braços do povo” mantido mesmo depois da posse, Lula permaneceu na primeira classe do vôo comercial da TAM, acompanhado pelos ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e do Trabalho, Jaques Wagner, e pelo secretário de Imprensa, Ricardo Kotscho, e aproveitou a viagem para revisar o discurso que fará no Fórum Econômico Mundial.

Cansado, segundo informaram os seus assessores, o presidente interrompeu o trabalho apenas para fazer uma foto com a equipe de chefes de cozinha que representarão o Brasil no Bocuse d?Or, um festival de gastronomia, em Lion, cidade do interior da França, e outra com a tripulação. Liderados pelo chefe Laurent Suaudeau, a equipe brasileira ofereceu jantar com três opções (filé, rabada ou peixe e vinhos estrangeiros) aos passageiros da classe executiva, mas Lula não jantou.

Lula e sua comitiva seguiram para Davos de helicóptero, e não de carro, como estava previsto inicialmente. O helicóptero é da polícia suíça e tem capacidade para transportar 14 pessoas. Ainda ontem, Lula participou de jantar no Kongress Hotel Davos, com o diretor-gerente do Fórum Econômico Mundial, José Maria Figueres, e com o ex-primeiro ministro da Espanha, Felipe Gonzales. O jantar chamado de ceia ibero-americana teve também a presença dos presidentes do México, Vicente Fox, da Bolívia, Gonzalo Lousada, do Peru, Alejandro Toledo, e da Colômbia, Álvaro Uribe.

Powel não cobra apoio do Brasil

Paris – O secretário de Estado Colin Powell não cobrou do Brasil uma posição de apoio à ofensiva militar contra o Iraque. A informação é do ministro do Exterior, Celso Amorim, que se reuniu ontem com Powell em Washington, na tentativa de buscar uma solução negociada para a crise da Venezuela. A posição de Brasília sobre a questão do Iraque é conhecida pelos norte-americanos. O Brasil privilegia os mecanismos das Nações Unidas para encontrar uma solução diplomática, acreditando que a guerra deve ser a última das alternativas. O ministro, que veio direto de Washington para Paris, onde desembarcou duas horas antes do presidente Luis Inácio da Silva, fez um breve relato de seus contatos nos Estados Unidos para Lula, ainda em Roissy, enquanto ambos aguardavam autorização para o vôo do Legacy da Embraer para Zurique.

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