Lula chama aliados e só ouve críticas

Brasília – Na primeira reunião do chamado Conselho Político, composto por presidentes dos partidos que compõem a base que sustentam o governo no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu ontem novas críticas à política econômica. “O fundamental dessa reunião é que o governo reafirmou sua política econômica e os partidos disseram suas posições como bem entenderam. O governo mantém com muita ênfase a sua idéia de não mudar a política econômica. E eu digo que essa política é equivocada”, disse o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE).

No encontro, Lula teria deixado claro que não pretende mudar o rumo da política econômica. Também participaram da reunião os ministros Antônio Palocci Filho (Fazenda), Aldo Rebelo (Coordenação Política) e José Dirceu (Casa Civil). Freire disse que o PPS divulgará em breve um documento com críticas à condução da economia e apresentará sugestões. Ele não quis adiantar o teor do texto, mas criticou as várias declarações de integrantes do governo, incluindo o próprio Lula, de que a situação atual da economia é conseqüência da “herança” deixada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

“Nós não podemos nos confundir com aquela discussão de que essa é uma herança maldita, até porque é a continuidade da política de FHC. Então deve ser uma herança bem vinda pela equipe econômica”, afirmou. Para ele, o mais grave problema no governo é que há uma “submissão” muito grande em relação ao mercado e uma preocupação excessiva quanto aos números, como as metas de superávit primário e de inflação. “Nós não temos nenhuma preocupação com metas que dizem respeito ao povo, como emprego, crescimento econômico e distribuição de renda.”

Em resposta às críticas do PPS e de outros dirigentes partidários, Palocci se colocou à disposição para “explicar” a política econômica para as bancadas dos partidos aliados. Ele já foi convocado pelo Congresso para explicar o reajuste do salário mínimo. O presidente do PT, José Genoino, disse que a reunião marcou o início de um “período novo” na relação do governo com os presidentes dos partidos.

Genoino e Freire negaram que foram discutido assuntos como a MP do salário mínimo, a derrota do governo na votação da MP dos bingos e a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado.

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