Lula cai, Ciro dispara e Serra despenca

Rio

(AG) – O candidato do PPS, Ciro Gomes, não está mais tecnicamente empatado com o candidato tucano José Serra e se consolidou na segunda colocação, segundo pesquisa do Ibope, divulgada ontem à noite. O estudo aponta um crescimento de quatro pontos de Ciro, que chega a 22% das intenções de voto. José Serra cai dois pontos e agora tem 15 %. O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, caiu um ponto mas mantém a liderança, com 33%. O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), tem 10%.

A pesquisa, a primeira feita depois da série de entrevistas com os presidenciáveis no “Jornal Nacional”, foi realizada entre os dias 12 e 14 de julho, com 2 mil entrevistados em todo o País. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. Ainda segundo a pesquisa, Ciro Gomes ganharia de Lula em um eventual segundo turno, por pequena margem: 44% a 43%.

O crescimento de Ciro Gomes nas pesquisas eleitorais assustou os demais candidatos e os obrigou os a reverem suas estratégias. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, já decidiu que, daqui por diante, vai tratar Ciro e José Serra da mesma maneira, como candidatos do campo governista. Antes ele quase ignorava o candidato do PPS. Serra, por sua vez, segundo os tucanos, vai tentar “colar” em Fernando Henrique.

As estratégias de Lula e Serra estão baseadas em pesquisas. A de Lula, no dado que revela que 60% dos eleitores reprovam o Governo Fernando Henrique. A de José Serra, na informação de que um contingente superior a 25% aprova o governo. Estes eleitores, no entanto, dividem-se entre Serra e Ciro. Tanto quanto o PSDB, o PT foi surpreendido com o crescimento rápido de Ciro. Agora, tenta compreender o que está acontecendo com o eleitor, para buscar uma explicação além daquela de que a subida é resultado da exposição na mídia.

Desde já, porém, o PT identifica dois problemas para Ciro a partir de agora: o primeiro, administrar um crescimento tão rápido, isto é, sustentar-se neste novo patamar; e o segundo, conter o chamado “efeito manada”, o desembarque em seu palanque de tantos novos aliados. “O palanque de Ciro está ficando pesado”, diz um tucano, com raciocínio na linha do adotado pelo PT.

Para os petistas, Ciro, com apoios tão amplos agora, terá de adaptar seu discurso aos novos aliados. E, assim, deixará aos poucos de ser visto como um candidato da oposição e de centro-esquerda. O PT reconhece, ainda, que Serra “descolou” de Fernando Henrique e vai buscar esta reaproximação. O coordenador da campanha do PSDB, deputado Pimenta da Veiga, encomendou um estudo sobre as ondas desta campanha eleitoral. Ele quer saber quantas foram – Roseana, Garotinho, Serra, Ciro e também Lula – e por quanto tempo elas se sustentaram depois da exposição dos candidatos na mídia. Com isso, ele quer mostrar que Ciro é mais uma onda que vai passar, como tantas outras.

“A onda importante é a que vai acontecer no fim de agosto, após duas semanas de programa eleitoral”, disse Pimenta, acrescentando que, quem estiver nesta onda, terá lugar assegurado no segundo turno das eleições. “Essa eleição vai ser decidida pelo comportamento no mês que vem”, disse outro tucano, avaliando que um cenário improvável, mas não impossível, é Lula não estar no segundo turno. Para Pimenta da Veiga, no entanto, a campanha será acirrada entre os três primeiros colocados na pesquisa: Lula, Ciro e Serra. O PSDB avalia que Anthony Garotinho está perdendo o fôlego.

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