O juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Rio Branco, Romário Divino, condenou 15 envolvidos na Operação Delivery. As sentenças foram anunciadas na tarde desta segunda-feira e fecham um longo ciclo de trabalho integrado com a Polícia Civil e Ministério Público, por meio da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado. Em outubro do ano passado, a polícia desbaratou uma rede que favorecia a prostituição de adolescentes em Rio Branco. Nesta terça-feira, 2, pela manhã, o juiz concede entrevista.

continua após a publicidade

Ao todo, foram ouvidas 47 testemunhas de acusação e 46 testemunhas de defesa. Em 258 páginas, o juiz Romário Divino concluiu um dos mais polêmicos processos do judiciário acreano. A decisão foi baseada em extenso material de áudio, vídeo e provas testemunhais.

O juiz estabeleceu a seguinte lógica na sentença divulgada ontem: quem estava preso e foi condenado, permanecerá preso: poderá recorrer da decisão, mas preso. Quem responde ao processo em liberdade e foi condenado poderá responder ao processo em liberdade.

Todos os condenados têm variadas penas alternativas e diferentes valores de multas a serem pagadas às adolescentes com as quais mantiveram relações sexuais. Entre os diálogos gravados com autorização judicial, fica evidente o ambiente de consumo de drogas “leves” (maconha), “drogas pesadas” (cocaína) por parte das adolescentes em alguns programas intermediados pela rede de aliciadores.

continua após a publicidade

Em determinados trechos das gravações, fica explícito que os aliciadores também traziam meninas da Bolívia para o Acre com a finalidade de realizar “programas” com os clientes de Rio Branco. Por esses trechos das conversas, é possível demonstrar que os aliciadores tinham no tráfico internacional de pessoas uma forma de manter a rede de prostituição ativa para os clientes acreanos.

Antes de realizar um dos encontros sexuais, uma adolescente é instigada a participar de uma “brincadeira pesada”, sugerindo o uso de cocaína. “Porque tu sabe que eu preciso, né?”, responde a adolescente a Jardel de Lima Nogueira, apontado como o líder da rede de aliciadores.

continua após a publicidade

Em outro trecho gravado com autorização judicial, as adolescentes discutem o fato de o pecuarista Adálio Cordeiro, um dos condenados na operação, “só querer transar sem camisinha”. “Ele chega e fica com raiva porque só quer transar sem camisinha”, reclama uma das adolescentes, afirmando que, por essa condição, deveria receber mais dinheiro.