Justiça australiana acusa policia de morte de brasileiro

A Promotoria de Justiça do Estado de Nova Gales do Sul na Austrália decidiu nesta sexta-feira, 13, que quatro dos onze policiais envolvidos na perseguição, detenção e morte do estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti em 18 de Março de 2012 em Sidney serão processados criminalmente.

A acusação formal será feita na próxima semana, quando também será determinada a data para o julgamento no Tribunal Central de Sydney no começo do próximo ano. Em decisão inédita na história da policia australiana, a Comissão de Integridade Policial pediu à Promotoria de Justiça em maio deste ano que considerasse o julgamento criminal dos policiais com base na conclusão de suas investigações.

O Diretor da Promotoria decidiu que de acordo com a constituição estadual os policiais Eric Lin e Damien Ralph serão julgados por agressão, enquanto que os policiais Scott Edmondson e Daniel Barling serão julgados por agressão e lesão corporal.

Eric Lin foi o primeiro a disparar a arma Taser contra Roberto, atirando pelas costas e contra as instruções da policia local que recomendam que a arma não seja utilizada em perseguições. O policial também atirou em Roberto já caído no calçada.

Damien Ralph aplicou três tubos de gás pimenta a cerca de 10 centímetros do rosto de Roberto já algemado, também contra o regulamento que recomenda pelo menos 60 centímetros de distância. Scott Edmondson e Daniel Barling aplicaram seguidos choques elétricos diretamente na pele de Roberto já detido e algemado.

Até agora a Policia havia se recusado a afastar os policiais de suas funções. A única medida interna contra os envolvidos havia sido a perda temporária da licença para utilizar tasers. O julgamento poderá levar ao afastamento definitivo e penas de prisão.

O único policial de graduação oficial envolvido na morte do estudante não será processado. O inspetor Gregory Cooper imobilizou Roberto Laudisio no chão com seu corpo enquanto os outros policiais aplicavam choques elétricos e gás de pimenta. Gregory Cooper foi promovido de sargento a inspetor antes do julgamento preliminar.

A Policia se recusou a dar entrevistas e divulgou um curto comunicado dizendo que está ciente da decisão da Procuradoria e que “ações administrativas internas continuam em vigor para os policiais citados” e “não comentará sobre o caso enquanto houver um processo legal em andamento”.