Paris – A juíza francesa Marivonne Caillibotte, responsável pelo serviço de comunicação do Tribunal de Grande Instância de Paris, disse ontem que o dinheiro do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, depositado no Crédit Agricole, em Paris, vai ficar bloqueado durante todo o processo de investigação da Justiça francesa. A juíza, que é responsável pelo serviço de comunicação do Tribunal de Grande Instância de Paris, explicou que o dinheiro, que totaliza cerca de US$ 1,8 milhão, pode ficar bloqueado “durante meses e até mesmo vários anos, dependendo das investigações”.

A juíza citou como exemplo um caso ligado ao banco Crédit Lyonnais, que tramitou na Justiça durante 14 anos. Segudo Caillibotte, o Tribunal de Paris considerou importante bloquear imediatamente o dinheiro para evitar que a quantia deixasse eventualmente o território francês. O juiz Henri Pons, do pólo financeiro do Tribunal de Paris, é o responsável pela ação em andamento, que investiga a conta do ex-governador no Crédit Agricole. Foi em razão da ordem de convocação para prestar depoimento, assinada pelo juiz Pons, que Maluf foi detido na quinta-feira pelos policiais do escritório central da agência de repressão a crimes financeiros, em Nanterre, na periferia de Paris, sob suspeita de lavagem de dinheiro.

De acordo com Caillibotte, o juiz Pons determinou que a denúncia investigada no inquérito é “lavagem de dinheiro em bando organizado”. “O senhor Maluf não está visado especificamente. É por isso que ele foi liberado ontem à noite (quinta-feira) e tem liberdade de circulação”, afirma. A juíza diz ainda que Pons preferiu classificar a ação de lavagem de dinheiro em bando organizado para investigar se as somas não pertenceriam também a outras pessoas.

“Mas, durante as investigações, o juiz Pons poderá mudar a qualificação da ação, que pode se transformar em roubo, abuso de bens sociais ou fraude”, disse. Quando terminar o chamado processo de instrução, o juiz Pons decidirá sobre o mérito ou não de uma ação penal. Se considerar que as informações comprovam algum delito, Pons pedirá a abertura de inquérito contra o acusado e enviará o caso ao Tribunal de Paris para o início de um processo penal. Segundo Caillibotte, as penas na França para lavagem de dinheiro podem chegar a dez anos de prisão.

A polícia francesa também fez questão de esclarecer ontem que Maluf não se apresentou de forma espontânea e por livre vontade, anteontem, em Paris, ao Serviço Central para a Repressão Financeira, conforme ele alegou. Ele foi interpelado por agentes desse serviço no quadro da instrução das investigações que estão sendo feitas por suspeita de lavagem de fundos.

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