Games impróprios

Jogos com conteúdo violento fazem sucesso entre as crianças

“Papai, é só um jogo”, explica o garoto de seis anos ao pai, que, preocupado com o conteúdo violento do GTA, um dos jogos eletrônicos mais vendidos no mercado brasileiro, resolveu se aproximar e assistir à seqüência de crimes “cometidos” pelo filho. No GTA, para sobreviver em uma cidade grande, o jogador tem que praticar vários crimes. “Precisa matar velhinhas e tudo mais”, descreve o pai, George André Melo, professor de Educação Física, morador do Rio de Janeiro.

A resposta do filho teve um tom tranqüilizador para o professor. “Se ele pensa que é só um jogo e, na vida real, continua tratando as pessoas com respeito, é amável, não vejo problema. Os jogos violentos acabam atraindo mais a atenção das crianças”, afirmou George.

Para os jogadores, o grande atrativo é que o brinquedo dá mais de 10 mil opções do que fazer em uma cidade grande. “Cada vez que se joga é um jogo diferente. Não precisa seguir rigorosamente um roteiro”, explica um jornalista, contumaz jogador de GTA. “Acho meio violento para crianças, porque pressupõe que o jogador é um bandido. É um jogo de roubar carro, assaltar banco, explodir pessoas. Não daria para meu filho de seis anos”.

 

Nos Estados Unidos, a Entertainment Software Rating Board, agência que regula os programas de entretenimento, classificou o GTA com a letra M, de mature (maduro, adulto). Nesse caso, a agência norte-americana liberou o jogo para maiores de 17 anos.

 

No Brasil, o Ministério da Justiça classificou o jogo para maiores de 18 anos, mas a classificação serve mais para orientar a ação dos pais do que para impedir a venda já que se pode comprar livremente o GTA e outros jogos com conteúdo violento no mercado paralelo ou ainda, baixar gratuitamente pela internet as versões mais antigas.

O grande problema é que não há como barrar o acesso das crianças a tais jogos. “Meu filho de sete anos conseguiu o joguinho na própria escola. Ele trocou por um jogo do Bob Esponja que eu havia dado a ele’, disse uma funcionária pública, que preferiu não ter o nome divulgado.

Outro jogo da mesma linha do GTA é o Bully, que oficialmente não chegou a ser vendido no mercado brasileiro. Mas só oficialmente, porque é também possível baixar seu conteúdo pela internet e encontrar cópias no mercado pirata.

O Bully leva a violência para o ambiente escolar e, pela proximidade com o cotidiano das crianças, acabou fazendo mais sucesso entre os adolescentes. O Bully também é conhecido como Canis Canem Edit, do latim: “Cão come cão” e é feito pela mesma empresa, a Grand Theft Auto. Por não ter sido comercializado no Brasil, não há classificação indicativa para o Bully.