Jefferson modera tom em depoimento sobre mensalão

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, prestou nesta terça-feira (12) depoimento no processo do caso do mensalão, na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, em tom mais moderado do que o que assumira no início do escândalo, em 2005. Embora tenha confirmado em termos gerais a existência do pagamento de propinas a deputados em troca de apoio ao poder executivo, o deputado cassado evitou fazer acusações diretas a outros acusados, alegando estar depondo como réu, não como testemunha. Segundo ele, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, como ministro político do governo, sabia de tudo o que se passava. Mas não foi muito direto nessa acusação.

Jefferson também rejeitou a proposta do juiz Marcelo Granado de delatar outros envolvidos em troca de benefícios no processo. "Delação premiada é coisa de vagabundo", declarou o ex-deputado aos repórteres na saída. Em seu depoimento, Jefferson chegou a elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que, depois de contar ao presidente sobre o mensalão, Lula ficou indignado. O ex-deputado declarou que houve, a partir daí, diminuição nos pagamentos, o que teria coincidido com a insatisfação de deputados que culminou com a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara.

No entanto, o ex-deputado disse que aquela derrota do governo aconteceu principalmente porque o PT havia indicado "uma mala" para concorrer. Ele se referia ao ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, cujo nome ele disse não lembrar, mas que definiu como "antipático". Jefferson manteve apenas o tom duro em relação ao PT e repetiu que o partido oferecera R$ 20 milhões ao PTB em troca de apoio nas eleições de 2004. Segundo o ex-deputado, apenas R$ 4 milhões foram entregues e distribuídos entre candidatos do seu partido. Em troca, petebistas apoiaram candidatos do PT em várias capitais.

O presidente do PTB disse ter se queixado na época com o então presidente do PT, deputado José Genoino (PT-SP), e com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares sobre a necessidade de legalizar a contribuição em dinheiro. "Nossa divergência começou aí", afirmou. O patologista aproveitou o final do seu depoimento para atacar o Ministério Público e a Polícia Federal.

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