Itália denuncia oito por espionagem a Dantas

A Procuradoria de Milão, na Itália, denunciou na segunda-feira (21) um grupo acusado de participar de um esquema de espionagem que violou e-mails no Brasil e de pagar propina para obter dados de “serviço de informações na Itália e em outros países”. O Brasil está na lista. A ação do suposto esquema começou em função da disputa entre sócios da Brasil Telecom (BrT) – Grupo Opportunity e Telecom Itália (TI) – pelo controle da empresa. A briga teve origem em 2000, segundo os procuradores italianos, quando a “Telecom Itália induziu a Brasil Telecom a adquirir a companhia CRT por um preço considerado exorbitante em relação aos valores acertados”. A investigação na Itália é uma das principais cartas que o sócio-fundador do Opportunity, Daniel Dantas – preso pela Operação Satiagraha, mas libertado por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) -, diz ter contra os seus desafetos.

De acordo com a Justiça italiana, a empresa Kroll – a pedido do Opportunity – estava investigando as razões de a TI ter tentado induzir a BrT a comprar a CRT por um preço US$ 100 milhões a mais do que o acertado. A Telefônica, dona da empresa, teve de se desfazer da CRT depois de adquirir em leilão, em 1998, a Telesp e a Telerj celular. O primeiro preço combinado, em janeiro de 2000, pelos acionistas da BrT era de US$ 750 milhões. Meses depois, a TI teria fechado acordo com a Telefônica por US$ 850 milhões – no fim, ficou em US$ 800 milhões.

Em mais de uma oportunidade, o advogado de Dantas, Nélio Machado ressaltou a importância que a defesa de Dantas dava ao inquérito. Machado questionou a imparcialidade da Procuradoria da República no Brasil, ao supostamente ignorar depoimentos dados na Itália, incriminando desafetos do banqueiro.