Instrutor de parapente é indiciado por morte de turista

A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou nesta segunda-feira o instrutor Allan Figueiredo pelo homicídio culposo da turista baiana Priscila Boliveira, de 27 anos, que caiu da altura de 30 metros durante um voo livre de parapente. O acidente aconteceu no último domingo, na praia de São Conrado.

A jovem passava férias na casa do irmão Fabrício Boliveira, ator que atuou no filme “Tropa de Elite 2” e em novelas da Rede Globo. A polícia acredita que houve imprudência do instrutor e afirma que vai investigar se houve fraude na prática comercial do voo livre. “Já está claro que a cinta de segurança não foi apertada corretamente”, afirmou o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso. Priscila estaria com o cinto de segurança apenas nos braços. O equipamento foi encaminhado para perícia para avaliar se houve negligência na manutenção. O laudo ficará pronto em 10 dias. O instrutor Allan Figueiredo prestou depoimento na noite de domingo e foi liberado. Ele não teve ferimentos.

Figueiredo trabalha com voos livres há 12 anos, mas não apresentou a credencial para a prática e será intimado novamente para entregar o documento. A polícia também cobrou do instrutor a apresentação de uma câmera filmadora utilizada para registrar o voo que poderia fornecer detalhes do acidente. O aparelho desapareceu antes da polícia chegar à praia.

O corpo de Priscila será levado para Salvador, onde será enterrado na terça-feira. Amigos de Fabrício e Priscila, que acompanhavam os irmãos, prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira. Eles questionaram a legalidade do voo. “Por que é que as coisas são feitas se é uma prática ilegal? Outras pessoas estão correndo o mesmo risco”, disse Gaia Maria.

Desde 2003 a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proíbe a realização de voos comerciais em parapentes e asa deltas. A prática só é permitida com fins esportivos. Os clubes de voo, entretanto, oferecem aos turistas um curso básico cuja aula inaugural é um voo em dupla. “Não é um passeio turístico. O visitante vai conhecer o esporte e é tratado como aluno”, explica Vinicius Cordeiro, coordenador do Clube São Conrado de Voo Livre, responsável pelo passeio feito por Priscila. A entidade criou uma comissão para investigar o caso e fechou a rampa de voos por três dias.

Apesar da proibição, a prática do voo é uma das principais atrações turísticas do Rio. Anualmente são feitos cerca de 30 mil voos de instrução, como é chamada a aula inaugural do curso. O valor do passeio é de R$ 250. De acordo com a Anac, a responsabilidade pela certificação de instrutores e pela fiscalização dos voos esportivos é dos próprios clubes.

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