Incra teme tragédia se ocorrer despejo no Mato Grosso do Sul

Foto: Arquivo/O Estado

Armados com foices e facões, sem terra dizem estar dispostos a tudo para preservar acampamento.

Armados com foices e facões, quase mil sem-terra que ocupam há três meses a Fazenda Teijin, no Mato Grosso do Sul, estão aguardando o momento do despejo judicial, confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), dia 3 deste mês. ?É imprevisível a reação?, afirmam os procuradores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Antônio Augusto Barros e Celso Cestari, que tentam contornar o problema, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos acreditam que o despejo pode resultar em tragédia.

O mesmo temor tem o coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Márcio Bisolli, explicando que ?o Incra (Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária) já distribuiu os 1.060 terrenos. Cada família está no seu lote. Tirar essa gente do local pode ser catastrófico. São quase 7 mil pessoas sob  medo. Estão aterrorizadas com a possibilidade do despejo?.

Os sem terra fizeram barreira com tratores, caminhões e utilitários da fazenda, fechando todas as saídas e entradas do local, montando guarda diuturna, e dispostos a libertar cerca de 10 mil bois da propriedade rural, na BR-267.

O imóvel tem área de 28.500 hectares, fica na margem da BR-267, em Nova Andradina, região leste do estado e a 370 quilômetros de Campo Grande. Está sendo reivindicado pelo proprietário, o Grupo de Desenvolvimento Agrário Teijin, numa batalha de liminares contra e a favor das partes.

O despejo foi determinado pela 3.ª Turma do Tribunal Regional Federal, no dia 9 do mês passado. No dia 21 do mesmo mês o STJ suspendeu o despejo e, no último dia 3, acatou a decisão da 3.ª Turma. No mesmo despacho, passou para o STF a missão de julgar a liminar do despejo.

O procurador Antônio Augusto explicou que o Incra está tentando reverter a situação para o STJ, o que implica na manutenção da decisão do dia 21 de maio, quando a desocupação da fazenda foi suspensa. Caso consiga essa posição, resta apenas o julgamento do mérito de toda a questão agrária.

Convulsão

Para o superintendente regional do Incra, Luiz Carlos Bonelli, o perigo do despejo vai mais além, podendo provocar uma ?convulsão social?. ?O Incra já pagou todo o valor da desapropriação da Teijin. O proprietário inicialmente não concordou com o preço, contestou e agora luta pela reintegração do imóvel. Não estamos discutindo de quem é a posse, a posse é do Incra e faz pelo menos quatro anos. Famílias de 16 municípios do Estado estão assentadas ali. Colocamos à disposição da justiça todos os atos para julgamento.?

O coordenador estadual do MST, Egídio Brunetto, disse que atualmente o clima entre as 1.060 famílias assentadas na fazenda está mais para uma convulsão social, do que um acordo satisfazendo as duas partes conflitantes. ?As famílias estão convencidas de que são assentadas do Incra. As ameaças que fazem são pura demonstração da disposição de luta contra o provável despejo judicial.?

Voltar ao topo