Incompetência política ameaça democracia na AL

Brasília – A maioria dos latino-americanos, cerca de 54,7%, estaria disposta a aceitar um governo autoritário em sua região se isso resolvesse seus problemas econômicos, segundo o informe sobre a Democracia na América Latina 2004, divulgado ontem em Brasília pela ONU.

O informe, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), destaca que apenas 44,9% preferem manter a democracia. Outro dado da pesquisa: 58,1% dos latino-americanos concordam que seus presidentes “ultrapassem as leis”, enquanto 38,6% são contra.

A maioria também considera que o desenvolvimento econômico é mais importante do que a democracia, 56,3%, enquanto 48,1% pensam o contrário. A pesquisa foi feita com 18.643 pessoas, em maio de 2002, no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Os resultados do informe mostram uma maioria contra algumas regras básicas da convivência democrática, o que evidenciaria as fragilidades e ineficiência do sistema, adverte o PNUD. Cerca de 43,9% dos entrevistados responderam que “não acreditam que a democracia resolva os problemas do país”, enquanto 35,8% escolheram a opção contrária. A maioria acredita também que pode haver democracia sem partidos (40% contra 34,2%), dos quais 38,2% acreditam que é possível existir democracia sem um Congresso Nacional, contra 32,2%.

O PNUD conclui que essas respostas são “um pedido de atenção” aos governos latino-americanos. “Uma proporção significativa dos latino-americanos valoriza o desenvolvimento econômico mais do que a democracia e estaria disposta a abrir mão da democracia se um governo não democrático pudesse resolver seus problemas econômicos.”

Apesar do avanço democrático, há uma profunda insatisfação popular com os líderes eleitos, por não resolverem os problemas básicos da região. O documento aponta que o crescimento econômico insuficiente, desigualdades profundas e sistemas jurídicos e serviços sociais ineficientes causam inquietação popular e debilitam a confiança na democracia eleitoral. “A democracia depende muito dos políticos para se aprofundar”, diz o representante do PNUD, Carlos Lopes. Ele diz que o brasileiro está desconfiado com a democracia.

O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse que os resultados negativos sobre o País servirão para aperfeiçoar as instituições.

Democratas: Brasil é o 15.º na AL

Brasília

– O Brasil tem menos democratas que a média da América Latina. Dos 18 países retratados pelo Relatório sobre Democracia na América Latina divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Brasil está em 15.º lugar em relação à população considerada democrata. O País está à frente apenas do Equador, Paraguai e Colômbia. Apenas 30,6% dos brasileiros se enquadram nessa classificação. Os mais democratas foram os uruguaios (71,3%).

A pesquisa mostra ainda que 27% dos brasileiros são contrários aos princípios democráticos. A média latino-americana é de 26,5% de não-democratas. O país com menor percentual de não democratas foi a Costa Rica (9,5%) e com o maior número foi o Paraguai (62,8%). O relatório aponta que no Brasil há um alto índice de pessoas classificadas como ambivalentes em relação à democracia (42,4%).

Segundo o documento do PNUD, os democratas são aqueles que têm uma atitude permanentemente positiva em relação à democracia em todos os três aspectos estudados: apoio às instituições representativas, apoio à democracia como sistema de governo e apoio a limitações ao poder do presidente.

Voltar ao topo