Um espaço de 900 metros quadrados dentro do Hospital das Clínicas, maior complexo hospitalar da América Latina, vai abrigar a partir desta quinta-feira, 12, startups da área de saúde para desenvolver projetos inovadores no setor. Batizado de Distrito Inova HC, a área contará ainda com laboratório de telemedicina e um hospital 4.0 para simulação de situações do dia a dia e aplicação de novas tecnologias.

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Desde 2014, a instituição tem o projeto Inova HC, cuja proposta é incentivar ideias de residentes e pesquisadores do hospital. “Com esse estímulo, foram surgindo as startups no nosso meio e, com esse crescimento, notamos que precisávamos dar um novo passo, que é criar uma área para que elas possam conviver entre si e com as empresas de saúde para criar produtos e levá-los ao mercado”, explica Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho de Inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

Cerri diz que o estímulo à inovação pode ajudar a baratear procedimentos. “O que é desenvolvido em inovação pode ajudar toda a população. O centro de inovação busca identificar potenciais produtos. Antigamente, a tecnologia significava aumento de custos, mas, por exemplo, um módulo de inteligência artificial pode trazer mais eficiência e diagnósticos precisos. E quase todas as especialidades vão se beneficiar.”

O espaço pode abrigar até 20 startups, que terão o suporte de grandes empresas do setor, como AstraZeneca, Abbott, Johnson & Johnson Medical Devices e Unimed. “Estamos seguindo um modelo da China, onde existe a interação entre empresa e hospital, o que pode ser feito por meio de uma parceria público-privada.”

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“Montar o polo de inovação dentro do Hospital das Clínicas só vem a somar. É algo necessário para a cidade: a gente consegue juntar as iniciativas inovadoras das startups e as novas tecnologias com a intenção das empresas”, diz Daniel Bechara, executivo da MedRoom, startup que usa realidade virtual para aprimorar o treinamento de estudantes de Saúde.

Segundo Cerri, os dados dos pacientes serão protegidos. Sancionada em agosto do ano passado, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais entrará em vigor em agosto do ano que vem.

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Cofundador do Distrito, empresa parceira do projeto, Gustavo Araujo diz que, além da China, Israel, Estados Unidos e países da Europa têm iniciativas semelhantes. O investimento da empresa é de R$ 3,6 milhões. “A gente tem um primeiro contrato de dois anos, mas a ideia é expandir.” Araujo explica que plataformas testadas no HC podem ser aplicadas em qualquer hospital do País. “A ideia é entender as principais dores e problemas do HC e da saúde pública de maneira geral e tentar resolvê-los.”

Inovação

Radiologista do hospital, Bruno Aragão, de 33 anos, fundou a Machiron há dois anos e, desde 2018, integra o Inova HC. O seu projeto é de inteligência artificial e tem como foco facilitar o processo de triagem de tomografias da região abdominal em casos suspeitos de câncer de fígado. “A empresa nasceu incentivada pela demanda do hospital.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.