Hoje, Aldo e Chinaglia iriam ao 2.º turno na Câmara

A entrada do tucano Gustavo Fruet (PR) na briga pelo comando da Câmara pulverizou os votos e deve empurrar a disputa, na quinta-feira, para o segundo turno. A quatro dias da eleição, o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), desponta à frente dos adversários Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Fruet, segundo enquete feita pelo Estado com 416 dos 513 deputados (81%), mas não tem apoio para vencer em uma única votação.

Chinaglia obteve 174 votos, ou 41,8%, seguido por Aldo, com 113 (27,2%), e Fruet, com 80 (19,2%). Para se eleger será necessário atingir a maioria absoluta de 257 votos – metade dos deputados mais um. No segundo turno vale a maioria simples. Todos os deputados eleitos ou reeleitos em 2006 foram procurados para opinar, entre os dias 22 e 26, sob a condição de não terem o nome publicado. Não responderam ou não foram localizados 97 deles.

Em enquete anterior, feita na primeira semana de janeiro, com Fruet fora da corrida, Chinaglia já aparecia à frente, com 35,9% Aldo, atual presidente da Câmara, tinha 27,2%. Agora, enquanto o petista cresceu e segue na frente, a briga pelo segundo lugar pode surpreender. Há 11,3% de indecisos e, matematicamente, Fruet pode superar Aldo. Além disso, qualquer um dos dois, se abocanhar os votos do derrotado e dos indecisos, pode derrotar Chinaglia num provável segundo turno.

O apoio do PMDB foi crucial para o petista. Na enquete, Chinaglia foi apoiado por 41 peemedebistas, que reforçam os 75 votos do próprio PT e os 58 das demais legendas. Mesmo assim, o PMDB não aderiu em bloco, como havia anunciado. Há 9 indecisos e 11 admitem a preferência pela reeleição de Aldo. Já a candidatura do atual presidente da Câmara depende substancialmente do PFL, que lhe assegurou 41 votos. PSB e PCdoB reforçaram sua artilharia, com um total de 31 votos.

Alardeando ser o único representante da oposição na disputa para chefiar a Câmara na primeira metade do novo mandato do presidente Lula, Fruet tem sua base no próprio PSDB, com 58 votos, escorados por 15 votos do PPS e 7 de outras siglas. Dos entrevistados, só 2 pretendem votar em branco e 47 esperam orientação de seus partidos ou ainda não definiram o voto.

Segundo a enquete, Chinaglia vence em 14 estados (Acre, Bahia, Rio, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e Aldo em 8 (Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Maranhão, Piauí, Sergipe e Tocantins). Curiosamente, Fruet vence apenas em São Paulo, Estado que elegeu os dois principais candidatos. Houve empate de Aldo e Chinaglia em Mato Grosso e na Paraíba; entre Chinaglia e Fruet no Paraná e entre os três candidatos em Roraima.

A comparação com a enquete anterior indica reviravolta em 9 estados, com desvantagem para Aldo. Ele perdeu a liderança na Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima e São Paulo. Chinaglia desceu para segundo no Piauí e deixou a briga empatar no Paraná, terra de Fruet. No Tocantins, a disputa estava indefinida na primeira semana de janeiro, mas hoje Aldo venceria.

De olho em um dos cargos de maior visibilidade no País, os candidatos apostam em outro ingrediente, que pode interferir na última hora – o voto secreto. Foi esse mecanismo que permitiu em 2005, num resultado desastroso para o governo, a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE), derrotando os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG).

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