Grupo lavou US$ 2,4 bilhões em 42 contas nos EUA

São Paulo

? Um grupo de dez doleiros brasileiros movimentou pelo menos US$ 2,4 bilhões em 42 contas do MTB Bank de Nova York (EUA) entre janeiro de 1997 e 24 de novembro de 2003. O levantamento foi feito com base nas operações registradas em um CD enviado pela Promotoria de Nova York à CPI do Banestado.

Dois desses doleiros, Gilberto Messod Benzecry, de Manaus (AM), e Samuel Semtob Sequerra, de São Paulo, tiveram mandados de prisão decretados durante a Operação Farol da Colina. Deflagrada na última terça-feira, a operação investiga movimentações de doleiros na “offshore” Beacon Hill Service no antigo banco Chase Manhattan. As empresas “offshore” controladas por donos de casas de câmbio de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Ceará, do Amazonas e do Paraná receberam e enviaram dinheiro para a agência do Banestado de Nova York e dezenas de outras instituições dentro e fora dos Estados Unidos. O MTB foi um dos principais destinos.

A Polícia Federal e a CPI do Banestado investigam se o dinheiro é originado em desvios de recursos públicos, corrupção e outros ilícitos cometidos no Brasil. Os investigadores suspeitam que as contas bancárias controladas pelos doleiros servem apenas como disfarçadas retransmissoras de fundos, que captam e redistribuem os recursos para dezenas de outras contas com o objetivo de dificultar o rastreamento que poderia levar, na ponta da transação, ao verdadeiro dono do dinheiro que saiu do Brasil.

Um depoimento prestado pelo doleiro paranaense Alberto Youssef à Justiça Federal do Paraná em janeiro último ajuda a Polícia Federal a elucidar uma parte das movimentações do MTB. “Azteca, na verdade, é uma empresa de um cambista de São Paulo. (…) O Sandor tem muitos clientes finais, essa é uma conta interessante para que vocês olhem bem”, disse Youssef à Justiça. “Clientes finais”, no jargão dos cambistas, é o real proprietário do dinheiro, que apenas utilizou os canais dos doleiros para remeter dinheiro ao exterior.

O doleiro referido por Youssef é Sandor Paes de Figueiredo, dono da Suntur Turismo Câmbio Ltda., que até 2003 atuava em São Paulo e São José dos Campos (SP). Ele é próximo do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos e da ex-mulher do juiz, Norma Regina Emílio Cunhas, presos desde outubro passado no decorrer da Operação Anaconda.

Sandor era tão íntimo de ambos que foi arrolado como testemunha de Norma Regina no processo de separação do casal, conforme documento apreendido pela Anaconda no apartamento de Norma, no centro paulistano. A Azteca Financial Corporation é uma das mais importantes empresas “offshore” que operam no MTB Bank.

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