Governo treinará policial para coibir álcool no trânsito

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lançou hoje um programa de treinamento massivo de policiais rodoviários para intensificar em todo o País o fechamento do cerco contra o uso de álcool no trânsito. Em 2011, segundo dados do governo, ocorreram mais de 35 mil mortes em acidentes de trânsito no País e a estimativa é que mais de 20% desses óbitos foram causados por uso de álcool ou de outras drogas, como os “rebites” (usados por motoristas que desejam ficar acordados).

O programa prevê o treinamento de policiais rodoviários, para que saibam lidar com situações nas quais se deparem com usuários de álcool e drogas. “Vamos enfrentar com muita decisão essa questão dos acidentes, mortes e tanta violência decorrente do uso de álcool e drogas”, disse o ministro.

O treinamento começou hoje, de forma simbólica, para 40 policiais rodoviários em Brasília, mas será ampliado, segundo Cardozo, a dez mil policiais rodoviários de todos Estados ao longo deste ano. Depois o treinamento será levado às polícias militares estaduais e guardas municipais dos grandes centros urbanos.

Segundo estatísticas do Ministério da Justiça, em 2010 foram registradas 6.807 acidentes, somente nas estradas federais, envolvendo motoristas embriagados. Houve, nesses acidentes, 407 mortes e 5.732 pessoas feridas. De junho de 2008 a dezembro de 2011, a Polícia Rodoviária Federal aplicou mais de 2,7 milhões de testes de bafômetro e identificou mais de 84 mil motoristas embriagados.

Para Cardozo, o álcool é considerado uma tragédia e uma das principais causas de acidentes graves no trânsito. Estima-se que o custo social dos acidentes nas rodovias federais, entre janeiro e setembro de 2011, tenha sido de R$ 7,9 bilhões. Com o treinamento que está sendo ministrado aos policiais, além dos tradicionais bafômetros, serão usados equipamentos e técnicas modernas para detectar o uso de álcool e outras drogas.

Em entrevista, depois do lançamento do programa, o ministro informou que amanhã assinará com o governo estadual e com a prefeitura do Rio de Janeiro o primeiro pacto para enfrentamento do uso de drogas no País. Um dos objetivos é atacar a epidemia de crack que já atinge mais de 90% dos municípios brasileiros. O pacto, que depois será assinado também com os demais Estados, prevê ações de prevenção e orientação social, de tratamento dos dependentes e, segundo o ministro, também terá uma vertente muito forte de repressão ao tráfico.

“Vamos reprimir, prender e punir com muito rigor as organizações criminosas”, disse o ministro. Ele explicou que serão definidas com o governador Sérgio Cabral e com o prefeito Eduardo Paes ações integradas sobre as cenas de consumo nas chamadas “cracolândias” do Rio de Janeiro, a exemplo do que ocorre em São Paulo. Serão mobilizados, nesse esforço, as polícias rodoviária e federal, além do aparato policial do Rio de Janeiro.