Governo muda estratégia para aprovar TV pública

Escaldado com a derrubada no Senado da medida provisória que criava a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, o governo montou uma ofensiva para convencer os parlamentares a aprovar a medida provisória que cria a TV pública. Ao contrário de Roberto Mangabeira Unger, titular da secretaria que não apareceu no Congresso, a presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, adotou como estratégia a discussão da nova emissora com os parlamentares e deu sinal verde para que o Legislativo mude a medida provisória. Mas não escapou de críticas ao projeto.

?Vou explicar muito a TV pública?, resumiu ontem, depois de mais de três horas de debate com integrantes da Frente Parlamentar Mista da Radiodifusão. Uma das principais contestações da oposição foi ao fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter optado por criar a TV pública por medida provisória, e não por projeto de lei. Tereza argumentou que foi necessário lançar mão de MP porque no dia 2 de dezembro começa a funcionar a TV digital no Brasil, especificamente em São Paulo, e o governo tinha pressa. Além disso, alegou que com a MP a situação dos funcionários da Radiobrás e da TV Educativa do Rio de Janeiro será resolvida rapidamente.

Tereza previu que a TV pública demoraria, pelo menos, um ano para ser aprovada na forma de projeto de lei. Ela garantiu ainda que os funcionários da TV Educativa não serão demitidos. A idéia é passar aos poucos esses trabalhadores para os quadros da EBC.

Nas mais de três horas em que esteve com a Frente Parlamentar Mista da Radiodifusão, Tereza evitou polemizar com a oposição. Não respondeu às provocações dos deputados oposicionistas, que levantaram a hipótese de a TV pública ser criada apenas para pavimentar um eventual terceiro mandato para Lula. Os oposicionistas lembraram que o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) tem pronta emenda à Constituição que permite nova reeleição de Lula. ?É uma máquina bem montada para o projeto do terceiro mandato?, disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). ?Minha desconfiança é de que estamos fazendo essa TV muito rápido e isso pode representar segundas intenções?, observou Júlio Semeghini (PSDB-SP).

A oposição também questionou o poder de influência de Lula sobre a nova TV. Tereza argumentou que a TV pública será fiscalizada por um conselho curador que terá poder até mesmo para tirá-la do comando da estatal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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