Governo lança no Piauí plano piloto do Fome Zero

Guaribas – O governo lançou ontem, em Guaribas, no Sul do Piauí, a primeira experiência-piloto do programa Fome Zero. O ministro extraordinário de Segurança Alimentar, José Graziano, liderou a comitiva de quatro ministros e o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), para dar início ao projeto em Guaribas, a terceira pior cidade brasileira no Índice de Desenvolvimento Humano IDH da Organização das Nações Unidas (ONU).

“O objetivo não é punir, é ensinar. Ensinar as pessoas a terem uma alimentação saudável. Isso demora tempo. Vamos ter problemas, vamos ter problemas, sim. Mas estamos dispostos a corrigi-los. Todo o caminho será feito caminhando. Não dá para esperar, a população tem pressa”, disse Graziano. O séquito percorreu a pé as ruas de terra, visitou casas e assinou protocolos. Dias prometeu a construção de uma adutora para evitar a falta d?água, o asfaltamento de uma estrada com o objetivo de tirar a cidade do isolamento e uma proposta habitacional visando a dar moradia “decente e zerar os sem-teto”.

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, disse que só detalhará as medidas quando tiver o que anunciar, e a ministra da Promoção e Assistência Social, Benedita da Silva, enfatizou que o Fome Zero deve ser um passo para as famílias conseguirem um lugar no mercado de trabalho. Os três ministros, mais o ministro das Cidades, Olivio Dutra, e o governador do Piauí ficaram menos de três horas no município. De concreto, além do pagamento do cartão-alimentação a partir do dia 27, começa esta semana a alfabetização de 300 pessoas.

A ação é financiada pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no valor de R$ 350 mil. A prefeitura de Guaribas baixou uma portaria determinando que as famílias que ficarem três meses sem prestar contas dos gastos com os 50 reais mensais do cartão-alimentação serão cortadas do plano. O dinheiro do cartão-alimentação será repassado a 500 famílias da cidade por meio de um cartão magnético para saque num posto da Caixa Econômica Federal (CEF).

O mesmo ocorrerá em Acauã, o segundo município onde o Fome Zero será testado, a partir de hoje. Isso representará uma injeção de R$ 25 mil por mês nas economias de cada cidade. A distribuição dos cartões ocorrerá nos próximos dias. Famílias beneficiadas por empreendimentos federais usarão o mesmo cartão. A fiscalização dos gastos ficará sob responsabilidade do Comitê Gestor Municipal. A comissão provisória de Guaribas foi instalada ontem, com a participação de representantes do governo estadual, Prefeitura e sociedade civil.

Para prestar contas, os contemplados não precisarão, necessariamente, apresentar notas ficais nem recibos. Serão aceitas cadernetas de compras da mercearia, anotações em papel feitas pelo feirante ou qualquer outra forma de comprovação das despesas com comida. A prestação de contas terá de ser feita sempre no fim de cada mês.

Sede Zero contra seca nordestina

Cristino Castro – O governo pretende investir R$ 200 milhões no projeto Sede Zero para construção de 42 mil cisternas, pequenas barragens e unidades sanitárias na região do semí-árido nordestino. A informação foi dada pelo ministro das Cidades, Olívio Dutra, ao chegar em Cristino Castro, no sul do Piauí. Segundo o ministro, “o governo Lula está desencadeando um processo para dizer que o Brasil tem, sim, fome de alimentos e de água”. “Nós temos que mudar a estrutura e vamos mudar junto com o povo”, afirmou. O ministro Olívio Dutra destacou ainda a parceria do governo federal com os estados e municípios para combater a fome no País. Olívio Dutra ficou impressionado com a quantidade de água na região de Cristino Castro que não é aproveitada. Dutra sobrevoou de helicóptero o poço jorrante Violeto, que tem uma vazão de 900 mil litros de água por hora todos os dias desde 1973 quando foi perfurado. Esta água toda não é utilizada pelos moradores da região, por falta de recursos técnicos mínimos.

O ministro Ciro Gomes foi o único que reclamou explicitamente das críticas de especialistas e da imprensa ao programa, embora não tenha citado nenhum nome. Os críticos mais contumazes são dois integrantes do Conselho de Segurança Alimentar (Consea): o bispo dom Mauro Morelli e dona Zilda Arns, da Pastoral da Criança.

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