Genro de Jefferson depõe na CPMI e nega acusações

  Laycer Tomaz / Agência Câmara
Laycer Tomaz / Agência Câmara

Marcus Vinícius disse se
orgulhar de Roberto Jefferson.

Brasília – Durante depoimento, ontem, na CPMI dos Correios, Marcus Vinicius de Vasconcelos Ferreira – genro do deputado Roberto Jefferson (PTB/RJ) -, negou as acusações de que seria o ?fiscalizador? do esquema de corrupção na estatal. Ele também rejeitou a acusação de que representantes da corretora Assurê pediram R$ 400 mil ao ex-presidente do IRB, Lídio Duarte, para compor o caixa da legenda. ?Isso não é verdade?, respondeu às acusações.

Marcus Vinicius foi apontado por Maurício Marinho – ex-chefe do departamento de Contratação e Administração de Materiais dos Correios -, em matéria veiculada pelo jornal O Globo, de gerenciar o esquema de pedido de propina na estatal.

Na CPMI, o genro de Jefferson disse que se encontrou apenas duas vezes com Marinho nos últimos dois anos. Em uma das vezes, disse ter intermediado um interesse de um conhecido, de nome César. A conversa, de acordo com ele, não teria surtido efeito.

Marcus Vinicius admitiu ter intermediado outros dois encontros em empresas estatais – IRB e Correios. A primeira conversa ocorreu no IRB para tratar de um possível patrocínio para um amigo produtor musical. O outro encontro, nos Correios, trataria de um patrocínio para uma equipe de corrida de um amigo. ?Nenhum dos encontros foi bem sucedido e os patrocínios não foram concedidos?, contou.

No Ministério Público, Marcus Vinicius disse que esses encontros se restringiram a apenas dois e excluiu a reunião nos Correios para tratar do patrocínio à equipe de corrida de um amigo.

Marcus Vinicius defendeu o sogro e a atitude de Jefferson diante da crise e das acusações de corrupção. ?A sensação que tenho é que ele (Jefferson) sacrificou a vida e o mandato para que não jogassem a caveira, o defunto da corrupção para ele?, afirmou. ?Me orgulho das atitudes do deputado Roberto Jefferson?, acrescentou.

Mensalão

Marcus Vinicius disse ter ouvido, em reuniões da executiva do partido, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, e Jefferson falarem que integrantes da legenda não recebiam ?mensalão?.

De acordo com ele, o assunto era citado quando aumentavam as reclamações de parlamentares com a concessão de cargos e a liberação de emendas.

Apesar da conversa sobre o pagamento de mesadas, ele disse nunca ter escutado menções sobre supostos esquemas de corrupção nas estatais administradas pelo PTB.

O relator da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR) fez a menor de suas inquirições desde o início dos trabalhos da comissão. Serraglio perguntou se alguma vez Marcus Vinicius teria se apresentado como representante comercial da Canon nos Correios.

?Não senhor?, respondeu.

Em outra pergunta, Serraglio quis saber se Marcus Vinicius estava sozinho quando procurou os Correios oferecendo vantagens a Maurício Marinho.

?Sozinho?, disse o genro de Jefferson.

?Ninguém acompanhou?? insistiu Serraglio.

?Não senhor?, confirmou Marcus Vinicius, acrescentando que Maurício Marinho também o recebeu sozinho.

Marcus Vinicius disse que não foi aos Correios tratar de assuntos da Canon. Segundo explicou, a pedido de um amigo, ele procurou Antônio Osório. ?Ele me pediu para que procurasse esse amigo. Eu não fui representar empresa nenhuma. Nada relacionado a empresa nenhuma.?

Com respostas negativas a praticamente todas as indagações, Serraglio admitiu ter dificuldades para fazer perguntas ao depoente. Encerrou seus questionamentos com 42 minutos de sessão.

A seguir, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), primeira integrante da CPMI a fazer perguntas após Serraglio, comentou que não via necessidade para o depoimento. E ironizou: ?Houve polêmica para sua vinda aqui, porque alguns precisam de qualquer jeito desestruturar o deputado Roberto Jefferson. Fizeram um esforço muito grande para que o senhor estivesse aqui?, afirmou, voltando-se para o genro de Jefferson.

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