Garimpeiros e índios estão em pé-de-guerra

Brasília – A direção da Funai informou ontem que teme mais um confronto entre índios cintas-largas e garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia, depois que o cacique cinta-larga Pandere informou que de 100 a 200 garimpeiros conseguiram furar o cerco da Polícia Federal e estão numa área próxima ao local do massacre de 29 garimpeiros, mortos por índios no último dia 7.

A Funai admite que há possibilidade de ocorrer um novo ataque dos índios. O massacre de garimpeiros deixou isolados os índios cintas-largas que vivem na área indígena Roosevelt e nas outras três reservas vizinhas: Serra Morena, Aripuanã e Parque Aripuanã. Temendo um revide de garimpeiros que moram em cidades próximas às reservas, os índios estão evitando sair das aldeias.

A Funai tem orientado os cintas-largas a evitar as cidades, onde poderiam se encontrar com garimpeiros. “Eles estão mais seguros lá dentro”, disse o sertanista Apoena Meirelles, chamado para tentar apaziguar a tensão entre índios e garimpeiros na região. Ontem, o governador de Rondônia, Ivo Cassol, voltou a criticar a Funai e acusou a direção do órgão de negligência: “A Funai sempre soube do que estava acontecendo lá dentro da reserva e sempre tentou acobertar tudo. Se pudesse esconder os corpos (dos garimpeiros), teria escondido.”

O governador também criticou a força-tarefa enviada pelo governo federal. Ele diz que os policiais federais e os homens do Exército estão fora da reserva, quando deveriam estar dentro. Com base em depoimentos dos próprios garimpeiros, Cassol afirma que há dentro da reserva mais de 300 corpos de garimpeiros supostamente mortos nos últimos dois anos pelos cintas-largas.

Ontem, o Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal, que está colaborando com o inquérito da Polícia Federal sobre o assassinato de garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, em Espigão d? Oeste, fez a tipagem do DNA de oito corpos não identificados de garimpeiros mortos. A tipagem de cada garimpeiro será comparada ao material genético dos familiares das vítimas ainda não-identificadas.

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