Garibaldi considera “elementar” distribuição de cargos no governo para aliados

O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), classificou de "elementar" a distribuição de cargos no governo para aliados políticos. "Estou me referindo a uma coisa muito cristalina na democracia. Como os partidos fazem parte da base do governo e o governo não se sente animado a dar àqueles partidos a possibilidade de representantes seus integrarem determinados ministérios? Estou sendo tentado a dizer uma coisa que pode parecer pedante: isso é elementar",
disse.

Na terça, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, disse que o governo já começou a analisar a distribuição de cargos em ministérios e estatais para aliados políticos. Entre os cargos que segundo o ministro estão próximos de um desfecho está o de ministro das Minas e Energia, vaga pertencente ao PMDB, partido de Garibaldi, e que está desocupada desde a saída de Silas Rondeau, em maio do ano passado, por suspeita de envolvimento em esquema de desvio de recursos públicos.

"Temos um governo de coalizão, de cooperação dos partidos da base com o governo, mas isso não é uma mão única, é uma mão de via dupla. O governo, recebendo essa contribuição, tem também de ter no seu ministério representantes dos partidos", completou Garibaldi.

O presidente do Senado ainda rebateu as críticas de que poderia ter a intenção de favorecer o governo ao não convocar a Comissão Representativa do Congresso para discutir o pacote tributário lançado na semana passada. Com a  isso, os projetos de decreto legislativo protocolados esta semana pela oposição que questionam o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a fiscalização de dados de correntistas serão discutidos apenas depois do recesso parlamentar, depois do carnaval.

Segundo Garibaldi, é melhor, inclusive para a oposição, discutir o assunto com os 81 senadores presentes durante o ano legislativo e não durante o recesso parlamentar na Comissão Representativa, composta por apenas 17 deputados e oito senadores, a maioria de partidos da base governista.

"Não vejo benefício para o governo nessa decisão nem de longe. Trocar um debate, com a Casa plena, com o Congresso por uma comissão que tenha maioria do governo – e não é uma maioria pequena, é uma maioria folgada – e depois dizer que estou beneficiando o governo, sinceramente, vocês me perdoem, mas estou sendo injustiçado", comentou.

Garibaldi Alves Filho disse temer que os cortes do governo no orçamento para compensar a perda de arrecadação de R$ 40 bilhões com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) possam prejudicar os programas sociais e as emendas de bancada no Congresso.

"Estou sabendo que, quanto às emendas individuais, não haverá restrições", disse. Ele pediu que os cortes no orçamento não atinjam principalmente o Legislativo. "O governo, infelizmente no Brasil, sempre gastou mal. Só queria pedir que o governo pudesse errar menos, gastar menos, mas cortando também menos no Poder Legislativo".

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