Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, anunciou que vai colocar em votação em plenário o processo que pede a cassação do deputado José Dirceu (PT-SP), em 9 de novembro, uma quarta-feira. Segundo Aldo, uma votação que requer um quórum alto não poderá ocorrer na véspera de um feriado (finados), quando a presença dos deputados normalmente é baixa.
Aldo Rebelo afirmou que, com isso, não haverá prejuízo para o Conselho de Ética votar o parecer do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) na terça-feira da próxima semana. Ontem, o presidente da Câmara, atendendo recurso do deputado Nilson Mourão (PT-AC), considerou nula a sessão de ontem, por falta de quórum. O regimento interno exige que uma sessão, mesmo não sendo deliberativa, tenha a presença de, no mínimo, 51 deputados. Na sessão de ontem havia 49 deputados no plenário.
Com a nulidade da sessão, ela não poderá ser contada para o prazo de pedido de vistas da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) sobre o processo contra Dirceu no Conselho de Ética. O prazo é de duas sessões. Rebelo disse que conversou com o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), sobre o assunto, e que Izar deveria conversar com a parlamentar paulista sobre a possibilidade de ela abrir mão das duas sessões, para que o Conselho pudesse votar na terça. Oficialmente, a votação deverá votar na quarta. Como houve consenso, a votação ficou para terça-feira.
Novo adiamento
O cancelamento da reunião de ontem é a terceira articulação da base governista para protelar a votação do processo contra Dirceu. A primeira delas está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e pede o cancelamento do processo sob o argumento de que o PTB, partido responsável pela ação, desistiu de processar o deputado logo depois da renúncia de Roberto Jefferson.
A segunda delas é semelhante à decisão de hoje, da Mesa. O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) questionou a validade da sessão em que foi lido o relatório feito por Júlio Delgado (PSB-MG) que pedia a cassação de Dirceu. Ele argumentou que a ordem do dia no plenário havia iniciado e o Conselho continuou reunido, o que é proibido pelo regimento. Diante das duas primeiras manobras, o presidente do Conselho havia feito um apelo para que não houvesse mais interferências para que os processos prosseguissem. Izar chegou a dizer que haveria uma "conspiração".