Furlan confirma Lessa no BNDES

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, confirmou ontem o reitor da UFRJ, Carlos Lessa, na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nova diretoria do banco será anunciada ainda nesta semana.

Lessa, de 66 anos, já dirigiu a área social do BNDES durante o governo de José Sarney. O decreto com a nomeação de Lessa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva será publicado no Diário Oficial da União até amanhã. A posse de Lessa ainda não tem data marcada.

Lessa enfrentou resistência de Furlan, a quem ficará subordinado, mas o ministro acabou cedendo. Furlan chegou ontem à sede do BNDES no Rio, onde ficou até pouco depois das 18h reunido com Lessa. O atual presidente do banco, Eleazar de Carvalho, encontrou-se com os dois.

Em um esforço para quebrar a resistência de Furlan, Lula promoveu um encontro no dia 21 de dezembro, quando ficou acertado que o BNDES teria uma divisão para financiar o comércio exterior, que seria coordenada diretamente por Furlan. Lessa ficaria com a área de desenvolvimento. A idéia foi depois descartada por Lessa. “Tenho a impressão de que a história de dividir o BNDES é um factóide”, afirmou.

Críticas

Assim que foi convidado por Lula para assumir o BNDES, Lessa criticou o modelo de avaliação de crédito dos últimos anos. Segundo Lessa, o ex-presidente do banco Francisco Gros, antecessor de Eleazar, implantou um modelo de análise de crédito inspirado nos bancos de investimentos e abandonou uma visão mais abrangente das operações do BNDES: “Sou muito amigo do (Francisco) Gros. Mas ele fez uma reforma desastrosa com a adoção do modelo que avalia só risco e retorno da operação como nos bancos de investimentos internacionais.”

Ao adiantar sua linha de ação no comando do BNDES, Lessa disse recentemente que os incentivos à exportação, os projetos de infra-estrutura e o financiamento de programas sociais deverão continuar prioritários: “O grande compromisso é o de inclusão social e de redução de desigualdade. Mas os projetos têm de ter relação com a cadeia produtiva. Ou seja, numa política de incentivo à habitação, o banco poderá apoiar empresas do setor de cimento.”

O futuro presidente do BNDES formou-se em economia pela própria UFRJ em 1958. Ele é reitor da universidade desde julho de 2002, após obter 85% dos votos. Lessa é filiado ao PMDB e coordenou a campanha de Ulysses Guimarães à Presidência da República em 1989.

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