Funcionários da Vale ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) temem que a empresa não consiga obter novos licenciamentos de barragens, após o desastre em Brumadinho, em Minas Gerais. Na mina Córrego do Feijão, nem empregados que estão em serviço na área do acidente ocorrido na sexta-feira, nem os que trabalhavam na operação se identificaram, mas todos apontam dúvidas sobre o destino de operações muito semelhantes às da Mina do Córrego do Feijão, cujo rompimento de uma barragem provocou uma tragédia que pode alcançar mais de 300 mortos.

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Os trabalhadores receiam que haja uma concentração cada vez maior das atividades da companhia na região Norte do País, onde o território é menos povoado e o governo trabalha para liberar novas áreas para mineração, o que preocupa principalmente os terceirizados de menor qualificação.

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O sistema Norte, formado por Carajás e S11D, já responde pela maior parte da produção da companhia, mas o minério de menor teor necessário para a estratégia de blindagem de minérios e para a ampliação das atividades de pelotização vem de Minas.

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Uma eventual mudança teria reflexos econômicos para prefeituras e a população local. Na manhã desta segunda-feira, em entrevista no centro de operações, o prefeito de Brumadinho, conhecido como Neném, defendeu a atividade monetária. Segundo ele, mais de 60% da receita do município vem da mineradora.

Além de perder a arrecadação decorrente da Mina do Córrego do Feijão, Brumadinho tem outras operações minerárias em risco. Uma segunda mina da Vale no município tem conformação quase idêntica à que foi destruída no rompimento da barragem. Além disso, algumas empresas, que vinham trabalhando no beneficiamento de minério comprado, podem ter problemas para manter as atividades.

A chance de retomada das atividades da Mina do Córrego do Feijão é considerada nula por empregados e terceirizados da Vale ouvidos pela reportagem em Córrego do Feijão, localidade que cresceu com a Vale, quando a empresa assumiu a operação da Ferteco, mas que foi destruída no acidente de sexta-feira. A mina corresponde a cerca de 2% da produção da Vale.

Com o rompimento, da barragem, um vale de lama se formou sobre toda a operação. Embaixo, centenas de mortos, muitos deles a mais de 50 metros de profundidade. Acima mais duas barragens, inclusive uma de refugo de minério, uma montanha de tamanho equivalente ao das barragens.

A avaliação é que a empresa pode levar mais de uma década para recuperar a região. Embora o desastre ambiental tenha dimensões reduzidas, atingiu áreas de reserva florestal, como trechos do Parque Estadual do Rola Moça.