Fórum Social Mundial volta a Porto Alegre

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Porto Alegre, 2003: manifestantes queimam bandeira dos EUA.

Porto Alegre – Depois da passagem pela Índia em 2004, o Fórum Social Mundial (FSM) volta ao Brasil neste mês, numa versão mais ambiciosa e popular. O palco mundial da esquerda custará cerca de US$ 4,5 milhões (R$ 12 milhões), boa parte paga por um pool de estatais. A estimativa é que Petrobras, Caixa Econômica, Eletrobras e Banco do Brasil contribuam com US$ 1,5 milhão (R$ 4 milhões) em patrocínios.

A maior parte do dinheiro, cerca de US$ 2 milhões (R$ 5,5 milhões), provém de agentes internacionais, principalmente da União Européia. O restante é bancado pelo governo do Rio Grande do Sul e pelas taxas dos participantes. Em sua última edição no Brasil, em 2003, o FSM custou US$ 3,4 milhões e foi parcialmente bancado pela Prefeitura de Porto Alegre, na época administrada pelo PT, e por agentes mundiais.

A quinta edição do FSM ocorrerá entre 26 e 31 de janeiro, em Porto Alegre, e deve reunir 150 mil ativistas de esquerda de mais de cem países. Neste ano, o contraponto ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, será mantido. Ano passado, quando foi realizado na Índia, o FSM precedeu Davos.

O fim do governo petista em Porto Alegre desagradou aos organizadores do Fórum Social. Possivelmente, o evento não será montado mais em Porto Alegre em 2006. Há convites para outros países e para outras cidades governadas pelo PT, como Recife. A discussão, no entanto, será feita apenas durante a reunião do Conselho Internacional do Fórum, nos dias 24 e 25 de janeiro, em Porto Alegre.

Segundo os organizadores, o custo neste ano cresceu por causa de uma ambição do FSM: pôr em prática as idéias que prega. Assim, cerca de 70% dos recursos serão destinados à construção do Território Social Mundial, uma forma de bioconstrução com pré-moldados e tendas, que está sendo armada junto à orla do Rio Guaíba, entre o Cais do Porto e o Parque Marinha do Brasil. As conferências, que antes eram fechadas, nos salões da PUC, serão nesses espaços mais populares.

"As formas alternativas que o Fórum Social defende estarão sendo aplicadas, como a economia solidária e o software livre", afirma Cândido Grzybowski, do Comitê Internacional do FSM.

Serão usadas no FSM nada menos que 14 línguas, as mais faladas pelos integrantes do evento. Cerca de 400 tradutores voluntários farão a tradução simultânea dos principais eventos em árabe, tupi-guarani, hindi e basco, entre outros idiomas.

Além das mais de 2.600 atividades do FSM – como encontros de juízes, parlamentares e sindicalistas – foram estruturados cerca de 20 fóruns mundiais paralelos. O FSM atraiu o Fórum Mundial da Saúde, o das Migrações (que defende o fim da clandestinidade dos imigrantes) e o Dignidade, que reunirá organizações indianas de sem-casta.

Convidados Lula e Zapatero

Porto Alegre – Os ícones da esquerda e as celebridades que vão ao Fórum Social Mundial só devem ser anunciados ao longo deste mês. Entre os convidados do mundo político, porém, dois nomes são quase consenso: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero.

Por enquanto, os organizadores não conseguiram confirmar as presenças, mas dão como muito provável a realização de uma conferência de Lula. O presidente, mesmo antes de eleito, sempre foi ao FSM. Só faltou na edição de 2004, na Índia, mas mandou representantes. Lula chamou o FSM de feira de produtos ideológicos, mas o apelido agradou aos organizadores. O tema proposto, no entanto, não é a fome, como gostaria o presidente, mas sim a política internacional.

Lula e Zapatero são vistos como ícones contrários à política dos EUA. Além disso, um dos 11 eixos de discussão será um tema caro a Lula: a arquitetura do poder mundial. Na linguagem do FSM, isso significa falar sobre a estrutura dos organismos mundiais, como as Nações Unidas.

Ideólogos do FSM se dividem entre a extinção da ONU e uma reforma profunda em sua estrutura, com espaço para os países em desenvolvimento. A ONU deve mandar representantes ao FSM e a Davos.

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