Fórum Social Mundial condena FMI, Alca e OMC

Porto Alegre – O Fórum Social Mundial foi aberto ontem à tarde com condenações ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao Banco Mundial (Bird), à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e à Organização Mundial do Comércio (OMC). “Dizemos não à guerra, sim à paz e ao perdão de 100% da dívida dos países pobres, não ao FMI, ao Banco Mundial e à OMC, não à Alca e sim à solidariedade entre os povos da América do Sul”, enumerou a queniana Njoki Njehu, muito aplaudida, falando em nome do Comitê Internacional do Fórum.

“Nós apoiamos a dignidade das pessoas, enquanto que o consenso de Washington está mais preocupado com lucros do que com as pessoas”, acrescentou Njehu, da 50 Years is Enough Network (Rede 50 Anos Bastam), baseada nos Estados Unidos. O termo “consenso de Washington” se refere à crença dos organismos multilaterais, criados há cinco décadas e com sede na capital americana, na austeridade fiscal e outros valores considerados “neoliberais” pela esquerda.

O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, que representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do evento, não comentou as afirmações de Njoki, mas descreveu as novas relações do Fórum com o PT, um dos promotores do evento, como sendo de total “respeito do governo à sua autonomia”. “Quando o Brasil se prepara para uma nova dinâmica política, econômica, espiritual, é muitíssimo importante poder trocar experiências com diferentes culturas políticas, diferentes opiniões”, disse Dulci. “Queremos mostrar a nossa experiência, que também tem um significado, embora nunca tenha sido apresentada de modo arrogante, como modelo, para ninguém.”

Segundo ele, “o governo apoia, presta muita atenção no que está sendo debatido, vem buscar subsídios para o seu trabalho, mas sabe que se trata de um fórum da sociedade”. “O presidente tomou uma decisão inovadora de delegar a um dos ministérios da área política como sua tarefa predominante a interlocução cotidiana com todos os segmentos da sociedade”, ressaltou Dulci, referindo-se à própria pasta. “Sempre dentro da perspectiva de que a sociedade civil não é o Estado mas pode e deve participar das decisões do governo.”

A voz dos oradores no auditório da PUC do Rio Grande do Sul competia com os gritos de manifestantes do lado de fora, que gritavam palavras de ordem contra o governador Germano Rigotto (PMDB). “Cada vez teremos que ser menos contra as autoridades porque haverá menos autoridades contra o povo”, profetizou o prefeito de Porto Alegre, João Verle (PT).

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