Força Sindical pede que Fonteles apure espionagem

São Paulo  – A Força Sindical anunciou que os advogados do presidente da entidade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, ingressarão hoje com uma representação junto ao procurador-geral da União, Cláudio Fonteles, para que sejam apuradas eventuais ações ilícitas de atuais membros do governo durante a campanha presidencial do ano passado, conforme indicou reportagem da revista Veja. Paulinho é candidado à prefeitura paulistana pelo PDT.

“Decidimos tomar medidas de equilíbrio porque não adianta nada nos precipitarmos com ações antes de saber exatamente o que aconteceu”, explicou o advogado Ricardo Tosto, responsável pela ação. Ele vai notificar criminalmente o sindicalista Wagner Cinchetto, para que ele confirme as declarações dadas à Veja de que Paulinho é corrupto. “Preliminarmente, intimamos o Cinchetto a confirmar o que disse. Depois, ingressamos com ações de calúnia, injúria, difamação e danos morais”, avaliou.

Tosto disse que aguardará o posicionamento de Fonteles para definir quais medidas judiciais adotará contra os envolvidos no suposto caso de espionagem petista. O advogado garante que não é intenção de Paulinho agredir ou envolver a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo. “Não acreditamos no envolvimento do presidente Lula, porque bisbilhotagem e arapongagem não condizem com a forma de atuação política dele. O bom senso mostra, aliás, que o governo deve ajudar na apuração desse caso”, ponderou.

Segundo o sindicalista, a decisão foi tomada anteontem à noite, na sede da Força Sindical, durante reunião que ele manteve com dirigentes pedetistas. Participaram do encontro, entre outras lideranças do partido, o presidente Leonel Brizola e o segundo vice-presidente Jackson Lago.

Reação

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, contestou a veracidade das denúncias publicadas em reportagem na revista Veja sobre espionagem eleitoral supostamente praticada pela equipe de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a reportagem, um grupo ligado ao PT teria reunidos dossiês para pressionar os adversários. O ministro, que participou da campanha eleitoral, garantiu que não houve qualquer procedimento ilegal ou antiético. Ele se dispôs a ir ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Bastos afirmou que tomou conhecimento das denúncias após ler a revista e disse que ficou “estupefato” com as acusações. “Acho que se tivesse havido alguma coisa eu teria sabido, mas nunca houve, com certeza, nunca houve”, disse. As declarações do ministro foram feitas após participar de solenidade de assinatura de convênio para repasse de R$ 9 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para o governo do estado do Mato Grosso do Sul. Os recursos serão investidos na reestruturação e no reaparelhamento das polícias do Estado.

Marinho lamenta decisão

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou nota lamentando a decisão da Força Sindical, que anteontem anunciou a suspensão das ações conjuntas entre as centrais, inclusive a campanha salarial unificada. O presidente da CUT classificou como “emocional e precipitada” a decisão da Força.

Na nota, assinada pelo presidente da central, Luiz Marinho, a entidade afirma que a decisão tomada por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, “atende apenas os interesses daqueles que querem a divisão da classe trabalhadora”.

Anteontem, Paulinho também anunciou sua saída do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão consultivo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Outra decisão tomada pela Força foi a suspensão temporária das relações com o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Osvaldo Bargas, também coordenador do Fórum Nacional do Trabalho.

As atitudes da Força foram tomadas, segundo Paulinho, após a publicação de reportagem na revista Veja. A matéria aponta a formação de um grupo, de cinco pessoas ligadas ao PT e à CUT, que teria atuado contra os adversários do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, entre eles Paulinho, que na disputa eleitoral do ano passado era vice na chapa do atual ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes.

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