Fome Zero já recebeu 2,8 mil ton de alimentos

Brasília

 – As co-operativas já têm doações efetivas de 2.800 toneladas de alimentos que serão destinados ao Programa Fome Zero, que deve ser lançado oficialmente pelo Palácio do Planalto nesta semana. “Os alimentos já estão disponíveis nos armazéns das cooperativas. As doações são basicamente de leite longa vida, óleo de soja, arroz, feijão, farinha de trigo, milho e cestas básicas”, afirmou o coordenador do projeto cooperativo no Fome Zero, Luiz Roberto Baggio, que centraliza as doações feitas por entidades ligadas à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

De acordo com Baggio, as cestas básicas foram doadas por cooperativas não-agrícolas, como as de saúde e serviços. As doações vieram, pelo volume, de cooperativas de Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul. “Precisamos definir como será feita a distribuição e o transporte dos alimentos, principalmente para a região Nordeste, onde o problema da fome é mais grave”, apontou.

A proposta da OCB é que as doações sejam entregues à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que se encarregará da distribuição. Amanhã, Baggio estará reunido com o ministro extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, para discutir questões técnicas, como a logística de distribuição e assuntos burocráticos. “Precisamos saber, por exemplo, em nome de quem emitimos as notas fiscais que garantam o transporte”, apontou. Baggio também estará reunido com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para discutir como as cooperativas poderão doar produtos como leite “in natura”.

A meta de arrecadação de 24 mil toneladas de alimentos está mantida e a expectativa de Baggio é que cumpri-la em quatro meses. “Não queríamos que o volume total fosse disponibilizado de uma vez só, pois teríamos problemas de armazenagem e transporte”, completou. No total, são 1.600 cooperativas agropecuárias no País.

Doações geram confusão

Paris (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem angariado apoio ao programa Fome Zero e ao projeto do fundo internacional de combate à fome e à miséria, mas sua equipe tem pouco a dizer como essa ajuda se dará na prática. A receptividade às duas idéias na Europa foi boa, mas não se sabe exatamente como o dinheiro chegará ao Brasil ou como as empresas multinacionais poderiam atender ao apelo de Lula de ajudar o Fome Zero. “O presidente certamente vai se preocupar em fazer com que isso não fique na retórica”, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “Em Davos, a receptividade foi muito grande.” O discurso de Lula no Fórum Econômico Mundial, Davos, na Suíça, foi elogiado pelo presidente da França, Jacques Chirac, que prometeu o apoio de seu país às duas iniciativas. O presidente da Alemanha, Johannes Rau, também apoiou os projetos. O mesmo foi feito pela nata do empresariado mundial que estava reunido em Davos. Portanto, Lula foi bem-sucedido em seu objetivo de convencer seus interlocutores a colaborarem com seu projeto prioritário, que é combater a fome no Brasil.

Amorim não soube dar detalhes, porém, sobre como esse apoio se concretizará. Ele arriscou um palpite: empresas multinacionais do ramo da alimentação poderão contribuir com doações. “Mas isso não é da minha área”, desculpou-se. O ministro acredita que o ministro extraordinário da Segurança Alimentar, José Graziano, deverá fazer em breve uma visita à Europa para tratar do tema.

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