Fita é principal prova contra Valentina

Belém ? Uma fita de vídeo, com oito horas de duração, na qual aparece a suposta vidente Valentina de Andrade, líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), com uma arma na mão é a principal prova da promotoria para pedir a condenação da ré por tortura, emasculações e morte de cinco crianças em Altamira, entre 1989 e 1993. O julgamento da acusada, que mora em Londrina, começou ontem em Belém e deve durar no mínimo três dias.

A fita com as imagens foi obtida pela Polícia Federal na Argentina e foi periciada no Pará, onde sua autenticidade foi comprovada, apesar de várias tentativas da defesa para retirá-la do processo. O advogado curitibano Cláudio Dal-ledone Júnior, um dos defensores de Valentina, pediu ao juiz Ronaldo Vale para que toda a sessão fosse filmada e fotografada, alegando que esta seria a prova do “cerceamento da defesa”. A seita LUS foi investigada no Paraná por suspeita de envolvimento no desaparecimento de crianças em Guaratuba e Umuarama.

Durante a leitura da denúncia, a acusada passou mal e teve de ser retirada do salão do júri. Com 72 anos, Valentina ficou mais de 20 minutos recebendo atendimento médico. Ela está sendo acompanhada no julgamento por médicos do TJ e uma psiquiatra indicada pela Justiça.

Em seu depoimento, a ré negou ter contribuído, de alguma maneira, com os crimes em Altamira e disse não conhecer nenhum dos quatro acusados já condenados em julgamento no mês de setembro. Valentina disse não recordar quantas vezes esteve em Altamira “mas foram pouquíssimas”. Ela relatou que das vezes que esteve em Altamira foi acompanhada de um grupo de pessoas, com um argentino, com quem estava vivendo, para conhecer os rios e peixes da região. “Embora semi-analfabeta, sempre discutia filosofia e ufologia com os amigos”, observou.

Ao final, jurou não ter cometido os crimes: “Sempre fui e sempre serei inocente”. Também se declarou avessa à violência e que não seria capaz de matar nem uma galinha. “Chamo o meu vizinho e dou um dinheirinho a ele, para matar, quando preciso”, alega.

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