FHC: Lula pode fracassar no social

São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao site Terra, disse ontem que o governo Luiz Inácio Lula da Silva toma medidas corretas na economia, mas corre o risco de “perder o ponto do bolo” na área social. “Na área econômica, o governo está respondendo. Não tenho visto o mesmo desempenho nas outras áreas”, afirma. FHC acha que é preciso dar tempo para avaliar melhor o governo. “O presidente Lula ainda vai levar algum tempo para perceber que ele pode muito menos que pensa”, comentou Fernando Henrique.

O ex-presidente rebateu as críticas sobre o cadastro social deixado pelo seu governo. “A crítica é de alguém que não tem experiência em administração. Os cadastros não são perfeitos. Não tínhamos nenhum, mas nós fizemos um”. Fernando Henrique considera que confiar o recadastramento social às bases partidárias “será um desastre”.

O ex-presidente disse que ele chegou com vantagem a presidência porque “eu fiz uma espécie de escolinha de presidência, porque fui ministro antes de assumir o governo”. O ex-presidente criticou também o comportamento da atual equipe de governo em relação às agências reguladoras e afirmou, com certa ironia, que Lula tem “idéias generosas, mas que tem pouca ação prática”, referindo-se ao Fome Zero. Sobre as críticas de Lula aos seus programas sociais, FHC disse, objetivamente, que “o que tem que fazer é melhorar, não colocar fogo às vestes”.

Sobre a atuação do seu partido, FHC disse que, na sua opinião, o PSDB está agindo de forma correta, “sendo a favor do que é bom para o País”. Aproveitando a questão, o ex-presidente criticou a posição do PT durante sua gestão. Segundo ele, o partido se opunha a questões importantes somente para firmar posição contrária à do governo, bloqueando o desenvolvimento do País. “Cabe ao PSDB ajudar o governo a aprovar o que for necessário para resolver questões importantes.”

Sobre sua relação com o atual presidente, FHC afirmou que, em 1993, chegou a participar de articulações para apoiar a candidatura de Lula à presidência e, depois, a de Antônio Brito. “Fui a última opção”, brincou. Questionado sobre o documento divulgado anteontem pelo PSDB com duras críticas ao governo Lula, o ex-presidente afirmou não ter conhecimento, já que estava fora do País. Mesmo assim, afirmou que não deveria ter sido consultado.

Sobre as reformas, FHC afirmou ter tentado fazer o máximo possível durante sua gestão, mas defendeu-se dizendo que “reforma não é um ato de vontade, mas sim um processo”.

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