FHC é só elogios a “Lulinha paz e amor”

O presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu ontem, no Rio de Janeiro, que a transição do governo está acontecendo de forma civilizada, porque quem vai sucedê-lo entendeu que isso era preciso. “Quem governa depende dos outros. Se foi possível manter uma transição que assegurou uma maior credibilidade ao futuro governo e ao País, isso se deve em parte ao fato de que quem vai me suceder entendeu e permitiu que vivêssemos o momento de maneira mais tranqüila”, disse o presidente.

Fernando Henrique acrescentou que a frase da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva – “Lulinha Paz e Amor” – só pegou porque ele “tem algo de paz e amor”. “Se não tivesse, simplesmente o slogan não colaria”, comentou FHC.

O presidente, que participou do lançamento de dois livros sobre o economista Mário Henrique Simonsen, voltou a chamar a atenção do futuro governo para a necessidade de continuar as reformas do Estado, mantendo a estabilidade econômica. Fernando Hen-rique lembrou o início do Plano Real, quando foi utilizada a Unidade Real de Valor (URV), falando que foi necessário para ele explicar ao povo brasileiro o que seria a nova unidade monetária, ao invés de simplesmente editar um pacote econômico. “Não adianta saber que há um remédio se a pessoa não quer tomar. E o Brasil quis tomar o remédio”, afirmou, referindo-se à cooperação do País para que a unidade de valor desse certo.

Ele lembrou o economista Mário Henrique Simonsen como um dos que acreditaram na nova fase econômica do País, citando uma frase: “A URV é como alguém que está esquiando. Pode deslizar, mas pode também levar um tombo fatal. Nós conseguimos deslizar bem e o Brasil venceu sem tombo”.

Durante o discurso, Fernando Henrique lamentou que seu governo não tenha conseguido aprovar a reforma da Previdência. Ele disse que o grande drama do homem público é que suas ações não dependem só dele, mas de muitos outros. “Nem sempre se consegue convencer. Como na questão da Previdência. O problema dos aposentados é o problema dos pobres, mas dá sempre a impressão do contrário. Ou seja, de que quem vai mexer com aposentadoria está mexendo com os pobres. Está difícil convencer de que não é assim. Muitas vezes se falha, como nós próprios falhamos, na reforma da Previdência, que continua sendo necessária. Precisamos continuar reformando o Estado e mantendo o ajuste fiscal”, afirmou o presidente.

Vaias

FHC foi vaiado por populares ontem, ao deixar a residência do jurista Evandro Lins e Silva, morto terça-feira no Rio, em visita de condolências à família. O presidente encontrou-se com quatro filhos do jurista: Ana Teresa, Ana Patrícia, Carlos Eduardo e Cristiano. Segundo Ana Teresa, o presidente disse estar especialmente comovido com a morte do jurista. Lins e Silva morreu em decorrência de um acidente no Aeroporto Santos Dumont quando retornava de Brasília, onde foi empossado pelo presidente como membro no Conselho da República.

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