O problema da transposição do Rio São Francisco, no Nordeste, tem muita semelhança com o que está acontecendo no Pará, em relação à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A comparação foi feita ontem por Dom Adriano Ciocca Vasino, bispo de Floresta (PE), na 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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“O governo federal simplesmente baixa um decreto e as coisas não são debatidas. As audiências públicas são apenas paliativos para dizerem que foram feitas, são pagos apenas 50 reais por hectare aos atingidos e assim, dessa forma, não há debate”, afirmou o bispo, a respeito da transposição do Rio São Francisco, considerada uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.

Dom Adriano contou que é justamente do território de sua diocese que saem os dois eixos da transposição. “O eixo norte do Rio São Francisco sai do município de Cabrobó e o eixo leste sai do município de Floresta. Há obras em todas as partes do rio, os impactos ambientais são gravíssimos e as indenizações aos pequenos não estão chegando. Para nós, que estamos acompanhando as comunidades, estamos vendo o sofrimento estampado no rosto do povo.”

O prelado comentou ainda que o rio, “patrimônio nacional”, vai sendo totalmente descaracterizado. “O que vemos é que as pessoas não são ouvidas, e o rio está sendo modificado aos poucos. Para passar o canal tem um desmatamento de 200 metros de largura dos dois lados, com mais de 600 quilômetros de comprimento, ou seja, são dois rasgos enormes na biodiversidade local.”

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Ele ainda tem esperança no diálogo com representantes do governo. “No início das obras conversamos com representantes do Ministério da Integração Nacional, que nos recebeu com muita cortesia e com muita atenção. Num segundo momento, quando ele perceberam que conversávamos com representantes das comunidades atingidas e os pequenos proprietários, e estávamos organizando essas pessoas, o ministério cortou totalmente o nosso contato. Só estamos em busca de uma melhor situação para os atingidos”, destacou. As informações são da CNBB.