Executiva do PMDB formaliza adesão à base

Brasília  – A executiva nacional do PMDB vai se reunir hoje para oficializar o apoio do partido ao governo, mas nem por isto o Palácio do Planalto poderá dar o assunto por encerrado. Sabe que a garantia real dos votos do partido só virá depois de cumpridas as promessas de cargos feitas ao longo das negociações. Por isso, na mesma ata em que registrará o apoio parlamentar ao governo, o PMDB vai incluir a previsão de se convocar o conselho político mais adiante, para ratificar a decisão.

Da lista de cargos prometidos, fazem parte a presidência da Transpetro para o ex-senador Sérgio Machado (CE); uma embaixada (da Espanha ou do Chile) para o ex-senador Iris Rezende (GO) e diretorias do Banco do Brasil e do Banco da Amazônia (Basa) para afilhados políticos do presidente do Senado José Sarney (MA), e dos líderes do PMDB, deputado Eunício Oliveira (CE) e senador Renan Calheiros (AL).

De fato, não há o menor risco de a direção nacional do PMDB refluir do apoio ao governo agora. “Nem estou articulando nada porque o partido não tem mesmo outra alternativa”, admite o presidente da legenda, deputado Michel Temer (SP). Mas, em se tratando de PMDB, a falta de alternativa nem de longe significa que o governo levará o partido por inteiro.

Mesmo diante do fato consumado de que o PMDB já ocupa cargos federais nos vários Estados, além da liderança do governo no Congresso, entregue ao senador Amir Lando (PMDB-RO), a executiva nacional aguarda manifestações contrárias à integração do partido à base governista. Na reunião de hoje, pelo menos dois dirigentes nacionais – o deputado Cézar Schirmer (RS) e o presidente da regional pernambucana, Dorany Sampaio – devem insistir na tese de que o melhor seria apoiar as reformas e até a política econômica do governo, mas sem cargos e mantendo a independência.

Palácio do Planalto não aceitará dissidências

Brasília  – O governo decidiu endurecer o discurso e não tolerará dissidências na base apoio, na votação das reformas da Previdência e tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O recado duro foi dado ontem pelo líder do governo na Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que usou linguagem futebolística para enquadrar os parlamentares de partidos aliados ao Palácio do Planalto. “O treino acabou. Não podemos mais admitir o jogo para a platéia. O jogo agora é para o time. A base precisa mostrar disciplina, unidade e coesão”, afirmou.

“Não consideramos a hipótese de integrantes da base votarem contra o governo”, completou. A previsão é votar a reforma tributária esta semana na CCJ e, próxima, a previdenciária. Hoje, o relator da emenda da Previdência, deputado Maurício Rands (PT-PE), apresenta o parecer aos integrantes da comissão. A administração federal deverá, no entanto, enfrentar dificuldades em manter a base unida na votação da reforma da Previdência. Integrantes do PSB, PC do B e PDT posicionaram-se contra a taxação dos funcionários públicos aposentados e prometem apresentar destaques para acabar com a contribuição dos inativos e pensionistas. O PDT deverá manter a postura de oposição, deixando os deputados votarem contra a mudança.

Mas os deputados do PSB e do PC do B terão de ser enquadrados: ou recuam e não apresentam mais destaques à proposta da Previdência ou terão de ser substituídos na comissão. Os deputados Sérgio Miranda (PCdoB-MG) e Alexandre Cardoso (PSB-RJ) são alguns dos aliados que se posicionaram contra a reforma da Previdência. O PT e o PTB substituíram integrantes na CCJ para acabar com as dissidências.

Com o objetivo de evitar as discussões prolongadas e a apresentação excessiva de destaques para votação em separado (DVSs), o presidente da CCJ, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), reúne-se hoje com os coordenadores dos partidos na comissão para tentar fechar um acordo de procedimento. Greenhalgh quer cumprir o calendário de votação das reformas na CCJ.

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