Julgamento

Ex-namorada depõe e complica situação do ex-goleiro Bruno

A ex-namorada do goleiro Bruno, Fernanda Gomes, disse, em depoimento nesta quinta-feira, não saber por que está sendo julgada por sequestro e cárcere privado da modelo Eliza Samudio. Na época do desaparecimento de Eliza, Fernanda namorava o jogador.

Ao falar sobre o motivo de ter ido à casa do jogador no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste do rio), no dia 4 de junho de 2010, ela contou uma versão parecida com a dada ontem por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-secretário do goleiro Bruno e acusado de matar Eliza.

Ela afirmou ter ido à casa para ajudar a cuidar do bebê de Eliza (filho de Bruno) e não deixar o então adolescente Jorge Luiz Rosa, primo do jogador, sozinho com a modelo.

Em seu depoimento ontem, Macarrão contou a mesma história.

Naquela noite, Jorge agrediu Eliza com uma cotovelada, segundo Macarrão. O golpe fez sangrar o nariz dela. A denúncia da Promotoria diz, porém, que o ferimento foi causado por coronhadas.

“O Macarrão me ligou, ele estava um pouco nervoso e pediu que eu fosse lá”, disse Fernanda. Ela contou que recebeu o bebê de Macarrão assim que chegou à casa. “A Eliza estava no quarto, a porta estava fechada, não sei se trancada”, completou.

Fernanda disse ter cuidado do bebê de Eliza durante toda a noite e só o devolveu à mãe no dia seguinte, de manhã, quando as duas foram apresentadas na sala da casa. Segundo ela, Macarrão, Jorge e Eliza conversavam sobre o filme pornográfico feito pela modelo.

“Eu coloquei o neném no colo dela [Eliza], no sofá, e saí para fazer a mamadeira. Quando voltei, ela pediu que eu o amamentasse”, disse Fernanda.

No final da noite, eles seguiram para Minas Gerais, disse Fernanda. “Eu fui convidada para ir para conhecer a família do Bruno”.

Ela contou que Eliza seguiu em um carro com Macarrão, Jorge e o bebê. Ela foi em outro carro com Bruno.

Julgamento

O julgamento começou com cinco réus – o goleiro Bruno, seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, a ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, e a ex-namorada Fernanda Castro -, mas foi reduzido para dois. Todos são acusados da morte e desaparecimento de Eliza Samudia, em junho de 2010.

Bola foi excluído do júri logo no primeiro dia para apresentar novos advogados após a desistência de seus dois defensores, Ércio Quaresma e Zanone Oliveira.

No segundo dia de julgamento, Bruno dispensou o advogado, Rui Pimenta, de sua defesa.

A tentativa do goleiro de destituir também seu advogado, Francisco Simim, culminou no desmembramento do julgamento da ex-mulher de Bruno, Dayanne.

No terceiro dia de julgamento a defesa do goleiro usaram um dispositivo legal para desmembrar a julgamento de Bruno, transferindo os poderes de defender o réu. Francisco Simin, dessa forma, passou o caso para Lúcio Rodolfo da Silva, que pediu um prazo para ler o processo. O novo julgamento está previsto para ocorrer dia 4 de março de 2013.

Segundo Fernanda, Eliza foi junto, mas em outro carro, com Macarrão, Jorge e o bebê.

Antes de Fernanda Gomes, 25, foram ouvidas oito testemunhas até a madrugada de hoje. Em depoimento o ex-motorista de Bruno, Cleiton da Silva Gonçalves, confirmou ter ouvido Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, dizer que Eliza “já era” e que seu corpo havia sido jogado para cães.

A delegada Ana Maria Santos, que trabalhou na investigação, revelou no segundo dia do julgamento detalhes do depoimento do primo Bruno, Jorge Luiz Rosa, dado à polícia em 2010. Segundo Rosa, Eliza foi amarrada e chutada antes de ser morta.

Alex de Jesus/Folhapress
Em depoimento na madrugada, Macarrão incriminou o ex-goleiro Bruno.

A testemunha de acusação, Jaílson Alves de Oliveira, confirmou ter ouvido Bola confessar que teria matado Eliza. ,Ele também afirmou que foi ameaçado pelo goleiro Bruno.

Ontem, a mãe de Eliza e um amigo de Macarrão foram ouvidos pelo júri.

De tarde, dois vídeos com os depoimentos do caseiro José Roberto Machado, que trabalhou no sítio de Bruno, e de sua mulher, Gilda Maria Alves, foram passados. Eles substituíram as testemunhas dispensadas pela defesa de Fernanda, que foram flagradas falando ao celular no hotel onde estão hospedadas.