Ex-ministros depõem na CPMI, exceto Serra

Foto: Arquivo/O Estado

José Serra: governador eleito de São Paulo está em Washington.

Passadas as eleições, três ex-ministros da Saúde – Barjas Negri (PSDB), Humberto Costa (PT) e Saraiva Felipe (PMDB) – confirmaram suas presenças em depoimentos hoje e quarta-feira na CPMI dos Sanguessugas. O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), é o único dos quatro ex-ministros convidados pela CPMI que não vai à comissão de inquérito. ?Não tem motivo para ele ir à CPMI. Ele não tem nada a acrescentar?, justificou ontem o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA). ?Ele (Serra) pode até ir à CPI. Mas só depois que o Mercadante e o Lula comparecerem à CPMI. O Mercadante porque teve um assessor seu envolvido diretamente na história do dossiê contra os tucanos. Já o presidente Lula porque tem muitos amigos dele envolvidos nessa história?, completou.

Hamilton Lacerda, coordenador de comunicação da campanha ao governo de São Paulo do senador Aloizio Mercadante (PT), foi flagrado pelas câmeras de um hotel na capital paulista com malas que teriam R$ 1,7 milhão. Esses recursos seriam usados para compra de um dossiê que teria documentos comprometendo políticos tucanos com o esquema de superfaturamento de ambulâncias. Serra está em Washington (EUA) para renegociar empréstimos para o metrô de São Paulo. A previsão é que o governador tucano retorne ao Brasil na semana que vem, dia 15.

Prefeito de Piracicaba, o ex-ministro tucano Barjas Negri confirmou seu comparecimento hoje à tarde na CPMI dos Sanguessugas. No auge da campanha eleitoral, o presidente Lula chegou a citar o nome de Barjas por envolvimento com o esquema durante um debate com o candidato derrotado à Presidência, o tucano Geraldo Alckmin. O prefeito tucano decidiu ir à CPMI, mesmo contrariando correligionários que defendiam sua ausência.

Humberto Costa, que foi derrotado na disputa pelo governo de Pernambuco, também se comprometeu a depor na comissão de inquérito amanhã pela manhã. O deputado Saraiva Felipe (PMDB) vai falar amanhã à tarde para os integrantes da CPMI. Costa e Felipe foram ministros entre 2003 e 2005 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Serra e Barjas Negri comandaram o Ministério da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso entre 1998 e 2002.

Os quatro ex-ministros foram convidados para ir à comissão e, portanto, não são obrigados a comparecer. Com o depoimento dos ex-ministros, a CPI pretende esclarecer as denúncias de envolvimento de funcionários do Ministério da Saúde com o esquema de compra superfaturada de ambulâncias pelas prefeituras. O esquema teria começado em 1999, com o envolvimento de integrantes do ministério e de parlamentares com a família Vedoin, dona da Planam, principal empresa da máfia.

Pelo cronograma da CPMI, os depoimentos de Gedimar Passos, Valdebran Padilha e Jorge Lorenzetti, acusados de envolvimento na compra do dossiê contra os tucanos, ficaram para o dia 21 de novembro. No dia seguinte, 22 de novembro, a CPMI pretende ouvir os depoimentos de Oswaldo Bargas e Expedito Veloso, ambos ex-integrantes do comitê de campanha do presidente Lula, que também estariam envolvidos na compra do dossiê antitucano.

Conselho de Ética da Câmara ouve Vedoin

Brasília (AE) – O empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin depõe hoje à tarde no Conselho de Ética da Câmara. Vedoin é tido pela Polícia Federal como o cabeça do esquema de fraude na venda de ambulâncias. Também está envolvido na montagem e tentativa de venda a dirigentes da campanha do PT à Presidência da República de um dossiê contra políticos tucanos.

O depoimento de Vedoin no Conselho de Ética ocorrerá na condição de testemunha nos processos dos 67 deputados acusados de envolvimento no esquema de fraudes na saúde, principalmente em relação à venda de ambulâncias superfaturadas, pagas com dinheiro do Orçamento da União. Vedoin admitiu ter pago propina a parlamentares, em troca da inclusão, no projeto de Orçamento, de emendas para a compra de ambulâncias. Esse episódio ficou conhecido por escândalo dos sanguessugas.

De acordo com decisão do presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), todos os parlamentares acusados por Vedoin de terem se beneficiado do esquema de fraude poderão fazer perguntas ao empresário. O depoimento ocorrerá na própria Câmara, fato que não agrada ao presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), por causa da possibilidade de tumultos.

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