Estudo da AMB revela que é rara punição de autoridades

Estudo divulgado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) revela a quase absoluta impunidade de autoridades protegidas pelo foro privilegiado. Segundo esse levantamento – que abrange o período de 1988 a 2007 -, nenhuma das 130 ações criminais protocoladas no Supremo Tribunal Federal (STF) contra autoridades resultou em condenação até agora. No mesmo período, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acumulou 333 processos e até hoje apenas 5 deles (1,5% dos casos) deram em condenação – houve 11 absolvições e o restante ainda não teve concluída sua tramitação.

O presidente da AMB, Rodrigo Collaço, credita esse cenário à existência do foro privilegiado, que garante às autoridades o direito de ser investigadas e julgadas apenas perante tribunais superiores. ?O foro privilegiado é acima de tudo o foro da impunidade. Não há julgamento. O foro é quase uma linha de defesa?, diz Collaço.

Das 130 ações criminais protocoladas no Supremo, estão em tramitação 52 (40% do total). As demais foram arquivadas, resultaram em absolvição, ou acabaram transferidas para instâncias inferiores. Os réus dessas ações respondiam a acusações variadas, como crimes contra a administração pública, a honra, o patrimônio e a fé pública e delitos eleitoral e fiscal.

Collaço observa, porém, que o STF e o STJ não foram criados para instruir processos criminais. Ele defende a adoção de medidas que tornem mais rápida a tramitação dessas ações, como a convocação de juízes e desembargadores para a realização da instrução dos processos contra as autoridades. De acordo com ele a legislação permite a delegação de determinados atos instrutórios dos inquéritos e ações. Além de apresentar os dados sobre as ações protocoladas nos tribunais contra autoridades, Collaço lançou ontem em Brasília a campanha Juízes contra a Corrupção.

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