Estudantes impedem nova reitora de entrar na PUC-SP

A nova reitora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, professora Anna Maria Marques Cintra, 73, foi impedida de entrar na sala da reitoria por um grupo de estudantes em greve na manhã de hoje.

Sob os gritos de “fora Anna Cintra”, os alunos formaram um cordão humano e impediram a nova reitora de entrar no campus de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, onde fica a reitoria. O protesto ainda contou com a participação de professores e funcionários, que também estão em greve.

De acordo com os estudantes, Cintra foi acompanhada por seguranças da Fundação São Paulo – mantenedora da universidade – até um táxi.

Gabriela Freitas, estudante de psicologia e representante da comissão de comunicação da greve, o movimento é bastante pacifico. “Estamos bastante otimistas em manter a mobilização contra a posse da reitora até o próximo dia 12, data da nova reunião Conselho Universitário”.

Em comunicado, a reitoria lamentou ter sido “fisicamente impedida de entrar em suas dependências” hoje. “Conclamamos a comunidade a refletir sobre sua responsabilidade na manutenção da institucionalidade, uma vez que quaisquer consequências advindas da quebra do funcionamento serão prejudiciais à nossa Universidade”, diz a nota.

Conselho universitário

Anteontem, o Conselho Universitário da PUC-SP aprovou, por maioria absoluta, um parecer com efeito suspensivo da posse de Anna Cintra.

A decisão foi tomada depois que estudantes entregaram ao conselho recurso questionando a nomeação dela para o cargo. O mérito do documento não chegou a ser votado, pois o conselheiro Vidal Serrano, professor da Faculdade de Direito, pediu vistas.

Por meio de nota divulgada hoje, a mantenedora criticou a decisão do Conselho Universitário de suspender a posse de Cintra, “após o mesmo Colegiado tê-la homologado, por unanimidade, há mais de 60 dias e após o grão-chanceler haver escolhido e nomeado a Reitora”.

Segundo a nota, “o grão-chanceler julgou nula de pleno direito a decisão do Conselho Universitário, por ferir ato jurídico perfeito, nos termos do artigo 5º inciso XXXVI da Constituição Federal. Desta forma, ratificou a nomeação da Professora Anna Maria Marques Cintra como Reitora da PUC-SP”.

Ainda de acordo com o documento, “a autonomia da universidade, consubstanciada no seu estatuto, deve ser resguardada, não se admitindo a inversão da ordem jurídica interna, essa sim, golpe contra a autonomia universitária”.

Apoio

A Fundação São Paulo divulgou em seu site uma carta demonstrando apoio a escolha de dom Odilo assinada pelo cardeal Paulo Evaristo Arns, grão-chanceler da universidade quando o processo eleitoral para reitor foi implementado em 1980.

 

“Ao seguir, com espanto, os acontecimentos em nossa tão respeita PUC-SP, devo concluir para o benefício de todos: a Democracia foi respeitada, pois o cardeal dom Odilo Scherer escolheu um dos três professores da lista tríplice”, afirma dom Paulo Evaristo Arns no documento.

 

Terceira colocada

Anna Cintra foi indicada para o cargo por dom Odilo Scherer mesmo tendo ficado em terceiro lugar na eleição, realizada desde 1980 na universidade.

A eleição, realizada em agosto, foi vencida por Dirceu de Mello, atual reitor da universidade.

Por causa da nomeação da professora, estudantes e docentes estão em greve desde o dia 13. A comissão do movimento diz que a paralisação será mantida até que ela desista do cargo.

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