Estudantes de ciências biológicas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), campus de Sorocaba (99 km de São Paulo), encontraram dois exemplares de Maria-da-restinga (Phylloscartes kronei), pássaro ameaçado de extinção que vive exclusivamente na vegetação de restinga entre o sul do Estado de São Paulo e o norte do Rio Grande do Sul.

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Os pássaros foram encontrados no parque estadual da Ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo, durante uma visita técnica vinculada a uma disciplina do curso, realizada entre os dias 22 e 25 de novembro.

Segundo o professor Augusto João Piratelli, responsável pela pesquisa, os pássaros foram capturados a partir de uma rede montada pelos alunos do curso.

“Uma das atividades que fazemos é abrir redes de pássaros. Mostramos a importância do estudo e conservação de aves e fazemos o anilhamento [identificação de aves através de aneis de metal] nesses animais. Em uma dessas atividades encontramos esses dois exemplares na rede”, explica.

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As aves não foram imediatamente registradas devido à incerteza do pesquisador sobre a origem da espécie. “Não trabalho em restinga. Só anilhamos os animais quando temos absoluta certeza de qual é a espécie.”

Após comparações com material teórico e consulta com especialistas, foi confirmado que os pássaros eram da espécie Maria-da-restinga. Acredita-se ainda que os exemplares sejam um macho e uma fêmea – o que não foi confirmado pela dificuldade de distinção de gênero a partir da coloração do animal.

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A descoberta dos pássaros no litoral sul de São Paulo foi uma surpresa agradável para os estudantes da UFSCar. “É interessante registrar uma espécie ameaçada e confirmar que ela ainda resiste. No caso da Maria-da-restinga, ela só existe nessa pequena região do Brasil”, afirma Piratelli.

Casos como este, segundo Piratelli, reforçam a necessidade da discussão sobre preservação ambiental e diversidade ecológica, principalmente no caso da restinga, que é uma vegetação que vem sendo cada vez mais degradada para dar lugar a loteamentos. “Quanto mais se devasta a restinga, diminui-se a população dessa espécie de ave”, diz.