Estudantes decidem manter greve na PUC-SP

Os estudantes da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) decidiram, em assembleia hoje, manter a greve geral no campus de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, até que a nomeação para reitora da candidata Anna Cintra seja retirada.

Ontem, a reitoria da universidade, localizada no campus de Perdizes, foi ocupada. Os alunos questionam a nomeação da professora de letras Anna Maria Marques Cintra, 73, para o cargo de reitora da universidade, após ter ficado em terceiro lugar na eleição.

Após a reunião de hoje, os estudantes decidiram que irão manter a greve até a próxima quarta-feira, quando as aulas seriam retomadas após o feriado. A reitoria, entretanto, será desocupada por volta das 20h, quando acontece nova assembleia.

A Comissão de Imprensa da Greve, organizada pelos estudantes, divulgou hoje um documento assinado por Anna Cintra –e pelos outros dois candidatos, durante época de campanhas eleitorais– declarando que não aceitaria a nomeação para reitora caso tivesse perdido o pleito.

Em comunicado oficial, a comissão ainda informou que convidou a Fundação São Paulo, mantenedora da universidade, para uma audiência pública na próxima quarta-feira. Anna Cintra e dom Odilio Pedro Scherer também serão convocados.

Segundo o comunicando, a reunião servirá para debater “a retirada da nomeação da Ana Cintra e homologação do resultado das eleições para Reitoria, fim da lista tríplice e alteração do Estatuto da PUC”.

Representantes do corpo discente, da Apropuc (Associação dos Professores da PUC-SP), da Afapuc (Associação dos Funcionários Administrativos da PUC-SP) e o atual reitor, Dirceu de Mello, já confirmaram participação no evento.

Greve

Desde 1980, a PUC-SP realiza eleições para o cargo de reitor da universidade. No processo eleitoral, participam professores, funcionários e alunos da instituição. Os três nomes com maior número de votos formam a lista tríplice, que deve ser homologado pelo Conselho Universitário.

O resultado então é submetido ao arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, grão-chanceler da instituição e presidente do Conselho Superior da Fundação São Paulo, órgão que administra a instituição a quem cabe a decisão final.

Neste ano, uma urna do campus de Sorocaba foi desconsiderada porque as cédulas não tinham rubrica de nenhum mesário. A decisão foi revista depois de pedido feito por Anna Cintra e, mesmo com a nova contagem dos votos, a candidata ficou em terceiro lugar na votação.

Mesmo perdendo, Cintra foi nomeada ontem pelo cardeal Dom Odilo. Segundo os estudantes, desde 1980 todos os vencedores das eleições para reitor assumiram efetivamente o cargo.

A eleição, realizada em agosto, foi vencida por Dirceu de Mello, atual reitor da universidade. “A nomeação de Cintra é um desrespeito à tradição democrática da PUC”, diz o estudante Stefano Wrobleski, 22, membro do centro acadêmico dos cursos de jornalismo e multimeios.

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