Esquadrão da Morte mata os mendigos de SP

São Paulo

? Morreu na madrugada de ontem mais um morador de rua agredido no centro de São Paulo, elevando para quatro o número de vítimas fatais. Ele estava internado na UTI do Hospital Vergueiro desde quinta-feira. A vítima, agredida na Praça da Sé, chegou ao hospital às 7h12, com traumatismo craniano. O morador de rua não tinha identificação. Ele era branco, de estatura média e aparentava 45 anos. Dez moradores de rua foram agredidos na madrugada de quinta-feira na região central de São Paulo.

Seis mendigos ainda estão internados com traumatismo craniano. Dois estão na Santa Casa, dois no hospital de Ermelino Matarazzo e outros dois, em estado gravíssimo, estão internados em coma induzido na UTI do Hospital Vergueiro. Segundo o delegado titular da 3.ª Delegacia de Homicídios, Luís Fernando Lopes Teixeira, que investiga o caso, as vítimas foram atingidas com pauladas na cabeça. Apesar de as agressões terem ocorrido na madrugada, a primeira vítima foi localizada às 7h.

Segundo ele, os agressores seguiram por vários pontos da região central atrás das vítimas. A Praça João Mendes, a Rua Tabatinguera, a Rua 15 de Novembro e a Rua da Glória foram alguns dos locais onde os ataques ocorreram. A polícia divulgou o nome de apenas um dos mortos: Cosme Rodrigues Machado, 56. O outro era um travesti, conhecido como Pantera. Os promotores de Justiça Carlos Cardoso e Carlos Roberto Marangoni Talarico acompanham as investigações do caso.

Cardoso, assessor especial da Procuradoria Geral de Justiça para direitos humanos, afirmou que “evidências sugerem a ação de grupos de extermínio”. Para o promotor, as agressões contra moradores de rua podem ter sido motivadas por razões financeiras, que supostamente envolveriam comerciantes incomodados com a presença dos moradores de rua, ou por razões ideológicas e de intolerância.

O padre Júlio Lancelotti, dirigente da Comissão Pastoral de Rua, confirmou a necessidade desigilo por parte das autoridades de segurança e informou que sua pastoral está acompanhando as investigações. Ele anunciou a celebração de um culto ecumênico, amanhã, na Catedral da Sé. O ato acontecerá diante das escadarias da Catedral da Sé, área em que foram encontrados dois agredidos.

O ataque foi o maior ato de violência já praticado contra moradores de rua na capital paulista e também o maior no País desde a chacina da Candelária, no Rio de Janeiro, em 23 de julho de 1993, no qual oito moradores de rua foram mortos. “Estamos vivendo a tristeza e a indignação”, afirmou o padre Júlio Lancellotti.

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