Envolvimento do nome de Neschling causa estranheza, diz Haddad

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu o secretário Nunzio Briguglio Filho e afirmou que não houve qualquer irregularidade. “Todos sabem que ele (Nunzio) é um grande admirador de música clássica. Ele se entusiasmou com a ideia do projeto (de trazer o grupo espanhol). Mas o projeto foi cancelado, não vingou”, disse.

Haddad afirmou ter ficado surpreso com a denúncia de Herencia sobre a suposta participação do maestro John Neschling. “Causa estranheza ele (Herencia) acusar quem o denunciou.” Haddad confirmou que foi o maestro quem o procurou para revelar irregularidades na administração da Fundação Theatro Municipal.

Ele lembrou que a Prefeitura de São Paulo determinou a intervenção na gestão do Teatro em fevereiro, depois das denúncias de corrupção envolvendo a gestão de Herencia, de 2013 a 2015. A intervenção ficará sob comando de Paulo Dallari, atual diretor do Municipal, pelo prazo de 90 dias.

O advogado Eduardo Carnelós, defensor de John Neschling, disse que o maestro está tendo a imagem prejudicada por uma pessoa que teve os crimes descobertos pela investigação. “Não foi apresentada uma única prova para sustentar essas acusações absurdas. Vale destacar que foi o próprio maestro que, ao suspeitar das irregularidades praticadas na Fundação Theatro Municipal, procurou o prefeito e fez as denúncias”, disse Carnelós.

O defensor diz ainda que Herencia é “réu confesso”. “Essa é atitude clara de vingança dele contra o maestro John Neschling, que é um nome respeitado no Brasil e em todo o mundo.” Carnelós explicou que todos os rendimentos obtidos pelo maestro graças a apresentações no exterior são devidamente declarados.

Segundo ele, o produtor Valentin Proczynski cuida da agenda de Neschling no exterior. “Este depoimento tem um propósito único: atingir a honra do maestro. São declarações sem prova alguma.” O advogado disse que não teve acesso à delação de José Luiz Herencia.

A reportagem procurou o ex-diretor do IBGC, William Nacked, mas ele não foi localizado. Sua secretária informou que ele está fora de São Paulo.

Verba. A gestão de Herencia levantou suspeitas depois que ele, em julho do ano passado, pediu uma verba extra de R$ 6 milhões para cobrir despesas do teatro. Após apresentar as justificativas, o dinheiro foi liberado pela Prefeitura.

Três meses depois, o então diretor pediu mais R$ 12 milhões. “No início, achávamos que era apenas incompetência da gestão. Depois do segundo pedido, decidimos abrir investigação por meio da CGM”, disse o prefeito. A fundação tinha verba anual de cerca de R$ 100 milhões, segundo Haddad.

Herencia não foi localizado. Ele é investigado por corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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